Durante muito tempo, essa foi uma pergunta feita, na maioria das vezes, em tom de desabafo por empresários e gestores. Afinal, muitos acreditam que a vida financeira dos colaboradores é algo pessoal, que cada um deve cuidar, afinal, a empresa já cumpre seu papel: paga salários, benefícios, impostos e, muitas vezes, até oferece bônus ou comissão. O que mais se pode fazer, não é?
Mas a realidade dentro das empresas mostra que essa visão pode estar custando muito mais caro do que parece. E, infelizmente, a conta não vem de forma explícita no seu DRE. Ela chega disfarçada: vem no atraso de projetos, no cliente que não foi bem atendido, na venda que não aconteceu, no prazo que estourou, no erro que gerou retrabalho, na falta, no atestado, no pedido inesperado de demissão.
Se tudo isso parece disperso, desconexo, permita-me contar uma história.
Imagine o João. João é seu colaborador há dois anos. Um bom funcionário, comprometido, sempre disponível, querido pelos colegas. Nos últimos meses, João começou a mudar. Anda mais disperso, chega atrasado com frequência, tem se mostrado menos produtivo e, para piorar, começou a cometer erros que antes não cometia. Você, como gestor, começa a ficar preocupado.
Num dia qualquer, João bate à sua porta, com aquele olhar meio sem graça, segurando uma folha na mão, e dispara: “Chefe, você poderia me adiantar uns R$ 500? Tô meio enrolado esse mês, não consegui pagar a conta de energia e tô com medo de cortarem.”
Você ajuda, claro. Afinal, João é um bom funcionário. Mas, no fundo, você sabe que esse não é o problema real. O problema não é a conta de energia. O problema é que João está desorganizado financeiramente. Está afogado em dívidas, vive no limite do cartão, pega um empréstimo para pagar outro e agora só enxerga o adiantamento como um fôlego temporário.
E sabe o que é mais curioso? João não está sozinho. Ele representa 43% dos colaboradores brasileiros que, segundo pesquisa da PwC, perdem em média 3 horas do expediente todos os dias tentando resolver problemas financeiros. Três horas. Isso não é uma passada rápida no banco. É um turno inteiro perdido a cada dois dias.
Agora, talvez você esteja pensando: “Ok, mas quanto isso realmente custa?”
Vamos fazer uma conta bem simples, com uma empresa de 100 colaboradores.
Se 43% deles — ou seja, 43 pessoas — perdem 3 horas por dia com preocupações financeiras, isso representa 129 horas improdutivas todos os dias. Multiplicando pelos 22 dias úteis do mês, chegamos a 2.838 horas improdutivas por mês.
A jornada mensal de trabalho de um colaborador é, em média, 176 horas (considerando 8 horas por dia, 22 dias por mês). Quando dividimos as 2.838 horas improdutivas por 176, percebemos que isso equivale a 16,12 colaboradores totalmente improdutivos todos os meses.
O custo disso é fácil de entender. Se o salário médio da sua empresa é de R$ 3.000,00, então você está, na prática, pagando R$ 48.360,00 por mês para pessoas que, na média, estão improdutivas por conta de problemas financeiros. Isso sem contar encargos, benefícios, estrutura física e os impactos indiretos no time, na entrega e nos clientes.
Veja a conta resumida na tabela abaixo:
Descrição | Cálculo | Valor (R$) |
---|---|---|
Horas improdutivas por dia | 43 colaboradores x 3h | 129 horas/dia |
Horas improdutivas no mês | 129 x 22 dias | 2.838 horas |
Equivalente em colaboradores improdutivos | 2.838 ÷ 176 | 16,12 pessoas |
Custo mensal da improdutividade | 16,12 x 3.000 | R$ 48.360,00 |
Custo anual da improdutividade | 48.360 x 12 | R$ 580.320,00 |
Agora me responda com sinceridade: você contrataria 16 pessoas a mais, todos os meses, para não produzirem absolutamente nada? Provavelmente não. Mas, sem perceber, é isso que acontece quando você ignora que o problema financeiro dos seus colaboradores chega junto com eles todos os dias.
E a conta não para por aí. A rotatividade — outro problema silencioso — também está diretamente ligada a isso. Quando alguém está afogado em dívidas, começa a buscar soluções desesperadas. E uma delas é pedir demissão para acessar o acerto trabalhista. Isso acontece mais do que parece. Estudos mostram que 25% dos colaboradores já pensaram em pedir demissão só para tentar pagar dívidas.
Vamos continuar com o mesmo exemplo da empresa de 100 colaboradores. Se a sua taxa de rotatividade é de 20% ao ano, isso significa que 20 pessoas saem por ano. Cada saída custa, em média, R$ 54.000,00, somando rescisão, recrutamento, seleção, integração, treinamento e a perda de produtividade no período de adaptação.
Veja a conta:
Descrição | Cálculo | Valor (R$) |
---|---|---|
Colaboradores desligados por ano (20%) | 100 x 20% | 20 colaboradores |
Custo por desligamento | 54.000,00 | |
Custo total anual com rotatividade | 20 x 54.000 | R$ 1.080.000,00 |
Se você reduz essa rotatividade em apenas 25%, já evita a saída de 5 pessoas, economizando R$ 270.000,00 no ano. E sim, essa redução é totalmente possível — e comprovada — quando a empresa atua na raiz do problema, oferecendo educação financeira e suporte real para o colaborador organizar sua vida.
Somando apenas os custos de improdutividade e rotatividade, você percebe que está, sem perceber, deixando mais de R$ 1,6 milhão na mesa, todos os anos. E estamos falando apenas de custos diretos, mensuráveis. Se incluirmos os custos indiretos, como sobrecarga no time, erros operacionais, perda de clientes e queda na qualidade do atendimento, esse valor é ainda maior.
Agora eu te pergunto, com toda sinceridade: será mesmo que o problema financeiro dos seus colaboradores não é problema seu?
Se você gosta de perder dinheiro, talvez não seja. Mas se você se preocupa com lucro, produtividade, crescimento e sustentabilidade do seu negócio, então sim. O problema é seu, sim. E, felizmente, também é uma oportunidade gigantesca.
Empresas que entenderam isso já estão colhendo os frutos. Dados mostram que, ao implementar programas de educação financeira, elas conquistam, em média, 9% de aumento na produtividade e 37% de crescimento nas vendas. Para uma empresa que fatura R$ 1 milhão por mês, isso representa mais R$ 90 mil mensais só com produtividade, e mais R$ 370 mil mensais com crescimento nas vendas.
E o melhor: isso não exige contratar mais gente, nem aumentar custos operacionais, nem fazer mágica. Basta ajudar quem faz a sua empresa acontecer todos os dias — seu colaborador — a entender e cuidar da própria vida financeira.
No final, você percebe que cuidar das finanças do seu time não é filantropia. É uma estratégia empresarial altamente lucrativa, inteligente e sustentável.
O João da sua empresa não precisa de mais um adiantamento. Ele precisa de ferramentas, conhecimento e suporte para nunca mais precisar bater na sua porta com aquele pedido desconfortável. E você, enquanto empresário, precisa entender que resolver isso não é só um ato de cuidado. É, sobretudo, uma decisão inteligente de negócios.
Se quiser, posso te ajudar a entender como isso se aplica exatamente na sua empresa, com um diagnóstico claro, projeção de ganhos, economia real e um plano de ação sob medida.
Gabriel Ramos de Padua