PUCRS tem quatro Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia aprovados pelo governo federal  

Centros contemplam áreas estratégicas para resolução de desafios nacionais, como a inteligência artificial, a tuberculose, a genômica e os eventos climáticos extremos

Reconhecida pela excelência na formação de redes multi-institucionais e interdisciplinares dedicadas à ciência, a PUCRS foi contemplada com a aprovação de quatro Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs). O resultado final foi divulgado na segunda-feira, dia 30 de junho, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).  

Com a aprovação, mais de R$ 46 milhões serão investidos ao longo de cinco anos no desenvolvimento dos quatro insititutosde pesquisa de alto nível, que contemplam temáticas estratégicas de enfrentamento a grandes desafios nacionais.  

O Instituto de IA e Sustentabilidade (INCT-IAS) será coordenado pelo professor Nythamar de Oliveira, da Escola de Humanidades, e o Instituto em Simulação e Monitoramento para Assistência ao Indivíduo em Eventos Climáticos Extremos (INCT-SiM-AI), terá a coordenação da professora Soraia Raupp Musse, da Escola Politécnica. Já a Escola de Ciências da Saúde e da Vida contará com dois INCTs, sendo o Instituto em Genômica da Biodiversidade (INCT-GB), coordenado pelo professor Eduardo Eizirik, e o Instituto de Tuberculose (INCT-TB), sob a coordenação do professor Luiz Augusto Basso.  

“Os INCTs são considerados centros de excelência, e, pela primeira vez, a PUCRS tem quatro institutos aprovados, o que demonstra um grande reconhecimento da qualidade das pesquisas e, especialmente, dos programas de pós-graduação”, afirma o pró-reitor de Pesquisa da PUCRS, professor Draiton de Souza.  

Conforme o pró-reitor, além de movimentar todas as frentes da universidade, os institutos irão interagir em rede com os melhores grupos de pesquisa em nível nacional e internacional, desenvolvendo atividades de pesquisa em busca de soluções para questões do Brasil, mas possibilitando que a PUCRS tenha uma iniciativa similar ao que acontece na Alemanha. Além dos quatro INCTs coordenados pela PUCRS, outros oito pesquisadores da universidade participam de equipes em institutos liderados por outras Instituições de Ensino Superior.  

No Brasil, foram aprovados 143 projetos envolvendo 20 temas estratégicos prioritários. A chamada conta com investimento de instituições como o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), Capes e Ministério da Saúde.   

Conheça os INCTs aprovados e coordenados pela PUCRS:   

INCT em Genômica da Biodiversidade (INCT-GB)  

Professores Eduardo Eizirik e Sandro Bonatto. / Foto: Giordano Toldo / PUCRS

O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Genômica da Biodiversidade (INCT-GB) foi criado para impulsionar o avanço da Genômica da Biodiversidade no Brasil, uma área que tem evoluído rapidamente graças aos progressos metodológicos na análise de genomas completos de organismos eucarióticos. Essa abordagem é fundamental para entender os processos evolutivos que geram a biodiversidade e para enfrentar desafios globais, como as mudanças climáticas e a perda de espécies. É também crítica para se caracterizar espécies com relevância para a bioeconomia, cujo uso sustentável será cada vez mais relevante para a humanidade. 

“Trata-se de uma importante oportunidade para que essa área seja desenvolvida no Brasil, buscando elevar o nível da pesquisa brasileira nesse campo a patamares comparáveis aos dos países mais desenvolvidos”, explica o coordenador do INCT-GB, Eduardo Eizirik, professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS. O projeto reúne  30 grupos de pesquisa de 17 universidades e institutos de todas as regiões do Brasil, com apoio de colaboradores internacionais da Alemanha, Reino Unido, EUA, Austrália e Chile. Para sua realização ao longo de cinco anos foi aprovado o valor de R$ R$ 12.140.388,80.  

Seu principal objetivo é caracterizar genomas de todos os grupos de organismos eucarióticos (ou seja, com células complexas) presentes no país, utilizando uma variedade de métodos modernos. A iniciativa é estruturada em vários eixos de ação e busca consolidar a área de Genômica da Biodiversidade no Brasil, promovendo pesquisas de ponta que possam fornecer bases sólidas para estratégias de conservação e uso sustentável dos recursos naturais. Além de gerar conhecimento científico, o INCT-GB visa aplicar e disseminar esses dados em diferentes setores, capacitando profissionais e transferindo conhecimento para governos, empresas e a sociedade.   

“O INCT permitirá realizar capacitação de recursos humanos nas técnicas mais avançadas dessa área em nível internacional e implementá-las em laboratórios brasileiros. Permitirá também uma forte integração entre os laboratórios brasileiros atuando na área, os quais passarão a compartilhar recursos e métodos de forma muito mais sinérgica e eficiente. A PUCRS, como sede deste INCT, exercerá papel de liderança nacional em todo esse processo”, complementa Eizirik.  

Comitê Gestor:   
Eduardo Eizirik (PUCRS) – Coordenador   
Fernanda Werneck (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) – Vice-Coordenadora   
Sandro Bonatto (PUCRS)   
Cristina Miyaki (USP)   
Mariana Nery (UNICAMP)   
Frederico Henning (UFRJ)   

INCT em Tuberculose (INCT-TB)  

Professores Cristiano Bizarro, Luiz Augusto Basso e Pablo Machado. / Foto: Giordano Toldo / PUCRS

O projeto visa consolidar o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Tuberculose (INCT-TB) como um polo de inovação voltado ao desenvolvimento e avaliação de soluções avançadas para o controle da tuberculose (TB), ainda um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. O foco está na criação e validação de novos fármacos, vacinas e testes diagnósticos, com ênfase na detecção precoce, tratamento eficaz e prevenção da tuberculose resistente a antimicrobianos.   

“Além dos impactos diretos na saúde pública, o projeto representa um avanço estratégico na redução da dependência de insumos importados, promovendo a produção nacional de vacinas, medicamentos e testes por meio de parcerias com a indústria e transferência de tecnologia. As inovações desenvolvidas e avaliadas terão aplicação prática no SUS, com potencial de reduzir significativamente a morbimortalidade por tuberculose, gerar economia para o sistema de saúde e melhorar a qualidade de vida da população brasileira”, avalia o coordenador do INCT-TB, Luiz Augusto Basso, professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS. 

Com a aprovação do INCT-TB e o valor de R$ 11.516.515,20, a ser investido nos próximos cinco anos, o instituto poderá ampliar significativamente a capacidade de resposta à doença, fortalecendo o Sistema Único de Saúde (SUS). Os ensaios pré-clínicos e clínicos previstos permitirão testar produtos com eficácia promissora, contribuindo para uma abordagem mais robusta, integrada e acessível ao enfrentamento da doença, especialmente em regiões e populações de alta vulnerabilidade, como pessoas vivendo com HIV, privadas de liberdade e residentes em áreas de alta prevalência.  

A iniciativa está alinhada a políticas públicas como o Plano Brasil Livre da Tuberculose, o Comitê Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e de Outras Doenças Determinadas Socialmente (CIEDS), os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS).  

Comitê Gestor:   
Luiz Augusto Basso (PUCRS) – Coordenador   
Ana Paula Junqueira Kipnis (UFG) – Vice-Coordenadora   
Cristiano Valim Bizarro (PUCRS)   
Pablo Machado (PUCRS)   
Helen de Paula (PUCRS)  

INCT em IA e Sustentabilidade (INCT-IAS)  

Jair Tauchen, Nythamar de Oliveira e Soraia Musse. / Foto: Giordano Toldo

O campo da Inteligência Artificial e Sustentabilidade (IAS) é uma área emergente e interdisciplinar de investigação dentro das Humanidades e Ciências Sociais Aplicadas, que ganhou popularidade em todo o mundo nos últimos anos. Diversas organizações têm promovido diretrizes para o desenvolvimento de uma IA sustentável, que considere aspectos éticos e contribua para a sustentabilidade ambiental, social e econômica. No entanto, regiões como a América Latina e o Sul Global ainda permanecem à margem desse debate internacional, sendo pouco envolvidas na formulação e implementação dessas políticas e práticas.  

Diante disso, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em IA e Sustentabilidade (INCT-IAS) busca preencher essa lacuna, propondo políticas públicas digitais e oferecendo consultoria ética, jurídica e educacional para desenvolvedores, empresas e instituições. O projeto visa também estruturar programas de letramento que promovam o uso crítico e responsável da IA, com base na sustentabilidade, expandindo os resultados da Rede de IA Ética e Segura (RAIES) e AI Robotics Ethics Society (AIRES), sediadas na PUCRS. Ao todo serão investidos R$ 11.598.560,81 nos próximos cinco anos.   

“Sabe-se que a IA generativa, como o ChatGPT, Gemini, Copilot, DeepSeek, etc., tem sido identificada como uma grande ameaça ambiental: sistemas e dispositivos de IA generativa possuem bilhões de parâmetros, consumindo oito vezes mais energia, especialmente eletricidade, e recursos naturais para treinamento, implantação e ajuste fino (fine-tuning) do que as cargas de trabalho típicas. O nosso projeto busca contribuir para soluções sustentáveis através da IA em três áreas estratégicas: ética, regulamentação e educação”, aponta Nythamar de Oliveira, coordenador do INCT-IAS professor da Escola de Humanidades da PUCRS. 

Além de envolver professores, pesquisadores e estudantes dos Programas de Pós-Graduação em Filosofia, Direito e Educação da PUCRS, o centro prevê a parceria com instituições de ensino superior renomadas tais como Oxford, Cambridge, Bonn, Erfurt, Miami, New York, Barcelona, USP, UFRJ, UFMG, UnB, LNCC, Unifor, além de colegas e universidades da Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS).  

Comitê Gestor:   
Nythamar Hilario Fernandes de Oliveira Junior (PUCRS) – Coordenador   
Ana Maria D’Avila (UNIFOR) – Vice-Coordenadora   
Adriana Justin Cerveira Kampff (PUCRS)   
Draiton Gonzaga de Souza (PUCRS)   
Gabriele Sarlet (PUCRS)   
Ingo Sarlet (PUCRS)   
Jair Tauchen (PUCRS)   
Lucia Giraffa (PUCRS)   
Marília Morosini (PUCRS)   
Paulo Caliendo (PUCRS)
Ricardo Bastos (Tecnopuc/PUCRS) 

INCT em Simulação e Monitoramento para Assistência ao Indivíduo em Eventos Climáticos Extremos (INCT-SiM-AI) 

Professores Avelino Zorzo, Gabriel Fonseca, Soraia Musse, Angelo Brandelli e Nythamar de Oliveira. / Foto: Giordano Toldo / PUCRS

As mudanças climáticas têm intensificado a frequência e severidade de desastres naturais, o que demonstra a necessidade de avanços científicos e tecnológicos para mitigar seus impactos. Embora esforços globais enfatizem ações coletivas em larga escala, há uma lacuna significativa em pesquisas voltadas ao desenvolvimento de tecnologias que auxiliem diretamente indivíduos em situações de risco.  

Com um valor aprovado de R$ 11.481.993,68, o INCT-SiM-AI propõe ser um centro interdisciplinar dedicado ao desenvolvimento de soluções tecnológicas baseadas em IA. O principal objetivo é a entrega de tecnologias, que possibilitem que cada pessoa conheça melhor sua condição de risco. Além disso, em caso de eventos extremos, será possível utilizar a ferramenta para contato, envio de imagens, alertas e orientações. Durante e após os eventos, o sistema também contará com agentes de inteligência artificial capazes de fornecer informações especializadas sobre saúde, segurança e apoio individualizado. Para isso, o projeto conta com uma equipe multidisciplinar, composta por cientistas e pesquisadores das áreas da computação, da saúde e da ética.  

Para tanto, a metodologia se baseia em três dimensões: simulação de riscos, com o desenvolvimento de modelos preditivos para mapear cenários e orientar estratégias; monitoramento em tempo real, explorando dados de dispositivos móveis e sensores para sistemas de alerta rápidos e personalizados; e assistência humanitária, com soluções voltadas à recuperação física e psicológica dos indivíduos.  

“É um projeto que me emociona e que se conecta diretamente com minha trajetória acadêmica e com aquilo em que acredito. Poder desenvolver tecnologias de apoio ao indivíduo e, mais do que isso, fazer com que elas cheguem efetivamente às pessoas, é algo que me motiva profundamente”, pontua a professora Soraia Raupp Musse, coordenadora do INCT-SiM-AI. 

Conforme a professora da Escola Politécnica da PUCRS, o impacto vai muito além dos recursos financeiros ou das conexões nacionais e internacionais que certamente serão fortalecidas. “Trata-se de desenvolver soluções que permaneçam como legado e que façam a diferença na vida das pessoas – esse é, sem dúvida, o maior propósito”, complementa.  

Comitê Gestor:  

Soraia Raupp Musse (PUCRS) – Coordenadora  
Roberto Marcondes Cesar Junior (USP) – Vice-Coordenador  
Ângelo Brandelli Costa (PUCRS)  
Avelino Zorzo (PUCRS) 
Bruno Feijó (PUC-Rio)  
Cláudio Rosito Jung (UFRGS)  
Carlos Poli Figueiredo (PUCRS) 
Erick G. Sperandio Nascimento (SENAI-CIMATEC) 
Gabriel Silva (PUCRS) 
Tiago Coelho Ferreto (PUCRS) 

Fonte: https://portal.pucrs.br/noticias/impacto-social/pucrs-tem-quatro-institutos-nacionais-de-ciencia-e-tecnologia-aprovados-pelo-governo-federal/

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