Afeto Offline: A tela mais Potente Ainda é a da Presença

Entre o choro suave da minha filha pedindo colo e os alertas do celular vibrando sobre reuniões, mensagens e notificações, confesso: é preciso esforço para escolher o que realmente importa. E, como pai e professor, me pego refletindo sobre essa escolha diariamente.

A frase do pediatra Daniel Becker, amplamente compartilhada nas redes sociais, resume de forma contundente uma verdade que grita em nossos tempos:

“Hoje, o maior desafio na educação dos filhos não é dar o melhor celular do mercado, é conseguir oferecer uma presença afetiva mais interessante do que qualquer tela.”

Vivemos numa era onde tudo nos chama: as luzes, os sons, os likes. Mas o que mais carece de atenção, nossos filhos e nossos alunos continua aqui, com olhos brilhantes e corações famintos por conexão real.

👨‍🏫 A Pedagogia da Presença

Como educador, não posso ignorar que a presença é uma ferramenta pedagógica. A escuta ativa, o olhar atento, o tempo doado sem pressa são formas silenciosas, porém poderosas, de ensinar. Quando um professor está presente de verdade, ele comunica muito mais do que o conteúdo da lousa. Ele diz: “você importa”.

Como pai, essa presença se torna ainda mais sagrada. Não se trata de estar ao lado enquanto se responde e-mails ou se navega em feeds infinitos. Trata-se de estar por inteiro, mesmo que por poucos minutos. É nesse tempo de qualidade que a criança constrói suas referências emocionais, sua autoestima, seu senso de pertencimento.

📚 Educação Não É Consumo

Oferecer o celular mais caro, o tênis da moda, a mochila com led nada disso supre a carência de vínculo. A pedagogia do consumo gera crianças e jovens que sentem que precisam “ter” para “ser”. Já a pedagogia do afeto, baseada em vínculos seguros e atenção genuína, gera pessoas que entendem seu valor independente do que possuem.

Na sala de aula, vejo isso com clareza: os jovens que se sentem ouvidos, valorizados, notados, aprendem mais. Não por obrigação, mas porque alguém acreditou neles antes mesmo deles acreditarem.

 

🌱 A Tela da Vida Real

Não se trata de demonizar a tecnologia ela é ferramenta, inclusive na educação. Mas é preciso que ela não roube o protagonismo daquilo que nenhuma inteligência artificial pode oferecer: o afeto humano.

O maior presente que podemos dar aos nossos filhos e alunos não vem em uma caixa com logo de maçã. Vem com cheiro de casa, toque de abraço e escuta silenciosa. Ser presença afetiva é, hoje, um ato de resistência e de amor.

Enquanto pai, tento todos os dias estar mais presente. Enquanto professor, tento ensinar que a educação mais transformadora começa pelo coração. Que minha filha aprenda isso comigo. Que meus alunos sintam isso em cada aula.

Por Luis Fernando de Sena – Pai, Educador e Coordenador Pedagógico (Especialista em formação profissionalizante de Crianças, Jovens e Adultos)

 

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