Avaliação de Riscos Psicossociais no Contexto da Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST): Um Marco da Atualização da NR-1

Por Yvianne Takeda

Em agosto de 2024, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) promoveu uma significativa atualização na Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), trazendo à tona a obrigatoriedade de considerar os riscos psicossociais no gerenciamento de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Essa medida reflete a crescente conscientização sobre a importância de fatores psicológicos e sociais no ambiente de trabalho, que podem impactar tanto a saúde dos trabalhadores quanto a produtividade das empresas.

O que são riscos psicossociais?

Os riscos psicossociais referem-se a fatores relacionados à organização do trabalho, ao conteúdo das atividades e às condições laborais que podem causar estresse, esgotamento mental, problemas de saúde mental e física. Exemplos incluem:

  • Exigências excessivas de trabalho.
  • Ambientes de trabalho hostis ou com conflitos interpessoais.
  • Falta de autonomia ou controle sobre as tarefas.
  • Insegurança no emprego.
  • Jornada prolongada ou condições precárias de trabalho.

A atualização da NR-1 e sua relevância

A nova redação da NR-1 estabelece que a avaliação e o controle de riscos no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) devem incluir aspectos psicossociais, além dos riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos. Essa abordagem alinhada às melhores práticas internacionais coloca o Brasil em sintonia com diretrizes de organizações como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Como realizar a avaliação de riscos psicossociais?

A avaliação de riscos psicossociais no PGR envolve etapas fundamentais:

  1. Identificação dos riscos:
    • Aplicação de questionários e entrevistas para mapear percepções dos trabalhadores sobre o ambiente de trabalho.
    • Observação das práticas e condições laborais.
  2. Análise e avaliação dos riscos:
    • Uso de metodologias específicas, como o Job Stress Scale, para medir níveis de estresse e outros indicadores.
    • Identificação de áreas críticas e de grupos mais vulneráveis.
  3. Elaboração de medidas preventivas e corretivas:
    • Promoção de ações de sensibilização e treinamento.
    • Reestruturação organizacional, como a revisão de cargas de trabalho e políticas de gestão.
  4. Monitoramento contínuo:
    • Acompanhamento periódico para avaliar a eficácia das intervenções.
    • Inclusão de indicadores psicossociais no sistema de gestão de SST.

Benefícios da abordagem integrada

A inclusão dos riscos psicossociais no gerenciamento de SST traz uma série de benefícios para empresas e trabalhadores, como:

  • Redução de doenças ocupacionais e absenteísmo.
  • Melhoria na qualidade de vida no trabalho.
  • Aumento do engajamento e da produtividade.
  • Conformidade com a legislação trabalhista, reduzindo passivos jurídicos.

Desafios e perspectivas

Embora a atualização da NR-1 seja um avanço significativo, sua implementação pode enfrentar desafios, como a falta de profissionais qualificados para conduzir avaliações psicossociais e a resistência cultural em algumas organizações. No entanto, com a conscientização e o suporte técnico adequado, espera-se que essa exigência contribua para ambientes de trabalho mais saudáveis e sustentáveis.

Conclusão

A inclusão da avaliação de riscos psicossociais na NR-1 é um marco no Brasil, reforçando a importância de uma abordagem holística na gestão de SST. Essa medida não apenas atende a uma demanda legal, mas também promove o bem-estar dos trabalhadores e fortalece a competitividade das empresas em um mercado cada vez mais atento às práticas sustentáveis e responsáveis.

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