Introdução
O ambiente empresarial contemporâneo tornou os conselhos de administração protagonistas na construção de valor, perenidade e confiança. Diante de uma realidade volátil, com mudanças tecnológicas aceleradas, pressões regulatórias e novos padrões éticos e sociais, a atuação dos conselhos se reinventa. De órgãos deliberativos a núcleos estratégicos, os conselhos tornaram-se espaços de inovação, diálogo plural e decisões críticas. A seguir, destacam-se os pilares centrais que moldam o atual mercado de conselheiros.
Evolução do papel dos conselhos
A função dos conselhos se expandiu muito além da governança formal. A partir da Revolução Industrial e, sobretudo, nas últimas décadas, os conselhos passaram de estruturas meramente consultivas para instâncias estratégicas com papel decisivo na longevidade dos negócios. Hoje, há dois formatos predominantes: o conselho consultivo, mais voltado ao aconselhamento e conexões, e o conselho de administração, com responsabilidades deliberativas e fiduciárias.
Novas competências exigidas
O perfil técnico, por si só, já não é suficiente. Os conselheiros contemporâneos precisam reunir habilidades interpessoais e visão sistêmica. Comunicação, empatia, capacidade de mediação de conflitos, ética, inteligência emocional e conhecimento sobre transformação digital são essenciais. A busca por conselheiros com perfil nexialista, que conectam diferentes áreas do saber, é crescente.
Os temas de pauta se sofisticaram. Questões políticas, econômicas e tecnológicas moldam decisões. O foco recai sobre inovação contínua, alianças estratégicas, transformação digital e crescimento sustentável. Com o avanço da tecnologia, conselhos passaram a usar ferramentas como inteligência artificial, blockchain, big data e plataformas digitais de governança. Essas tendências são mapeadas por consultorias como PwC, Deloitte, McKinsey e também em publicações do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).
Diversidade e pluralidade de perspectivas
Embora ainda tímida, a diversidade nos conselhos está em ascensão. Segundo dados da B3 e do próprio IBGC, a presença de mulheres e representantes de minorias nos conselhos de empresas de capital aberto e privado varia entre 15% e 20%. A pluralidade deixou de ser apenas uma demanda reputacional, tornou-se um vetor crítico de inovação, mitigação de riscos e tomada de decisão qualificada.
A seleção de conselheiros ganhou critérios mais sofisticados. Além de currículo e referências, pesa a compatibilidade com a cultura organizacional e o estágio de maturidade da empresa. O conceito da “CNH do Conselho“, Confiança, Nexialismo e Humildade, resume bem o que se espera dos novos perfis.
Estrutura de remuneração e dedicação esperada
A remuneração varia conforme o tipo de empresa. Em companhias abertas, incluem-se ações, bônus e adicionais por participação em comitês. Em empresas fechadas, predomina a remuneração fixa mensal, proporcional ao porte da empresa. A dedicação esperada vai além das reuniões: espera-se preparo, participação ativa e postura colaborativa.
Conclusão
O mercado de conselhos de administração vive um momento de reinvenção. Mais do que cargos de prestígio, as cadeiras nos conselhos exigem preparo, visão estratégica e compromisso com o futuro das organizações. A governança do século XXI é um campo onde reputação, diversidade e tecnologia se entrelaçam, e onde os conselheiros são protagonistas da transformação.

Décio Simões Pereira
C-level | Mentor de negócios | Embaixador Anjos do Brasil | Board Member Board Academy |
VP Inovação, Tecnologia e Educação CBPCE | VP Regional Ceará e Conselheiro PUC Angels