Crédito Consignado: A Bomba-Relógio que Ameaça Empresas e Trabalhadores

Imagine a seguinte cena: o mês mal começou, e seu colaborador já não tem mais salário disponível. O holerite mostra um valor líquido tão baixo que mal dá para comprar comida ou pagar o aluguel. A razão? Um conjunto de empréstimos consignados acumulados, descontados diretamente na folha de pagamento, e alguns deles com taxas absurdas, chegando a 15% ao mês.

Essa cena, que antes parecia exceção, tem se tornado regra silenciosa dentro das empresas brasileiras. O que antes era vendido como “crédito facilitado com juros menores”, hoje se transformou em uma bomba-relógio social e empresarial. O Globo.

E o mais grave: muitos empresários ainda não perceberam que vão pagar a conta.

Seja no pequeno comércio, na indústria, nos serviços ou em grandes corporações, o resultado é o mesmo: colaboradores endividados afetam diretamente a saúde da empresa. O que parece um problema individual (e até invisível) se materializa em forma de atrasos, erros, afastamentos, baixo desempenho e pedidos de demissão.

Estamos vivendo uma crise silenciosa. Só que ela é mais visível do que se imagina e os números estão aí para mostrar. O crédito consignado, especialmente aquele com garantia do FGTS, cresceu de forma descontrolada. Hoje, o endividamento é tão grande que milhões de trabalhadores têm o salário quase todo retido antes mesmo de cair na conta.

O governo já foi alertado: essa é uma bomba prestes a explodir. Mas enquanto políticas públicas tentam se reorganizar, as empresas que ignorarem o impacto disso no ambiente de trabalho vão continuar perdendo dinheiro, pessoas e produtividade.

Neste artigo, vamos te mostrar, com dados concretos, histórias reais e cálculos claros, por que a vida financeira dos seus colaboradores é, sim, um problema da sua empresa, e ao mesmo tempo, uma oportunidade poderosa de transformação e crescimento.

O que isso tem a ver com sua empresa? Tudo.

Vamos à história do Ricardo. Ele trabalha há três anos numa empresa de serviços. Sempre foi correto, esforçado, nunca deu trabalho. Mas, de uns tempos para cá, começou a faltar. Ficou mais calado, cometeu erros bobos, passou a pedir adiantamentos. Um dia, chamou o RH e disse:

“Estou pedindo demissão. Preciso pegar meu acerto para tentar resolver minhas dívidas.”

O acerto não resolveria, mas era a única saída que ele via.

O que o empresário não sabia é que o salário de Ricardo estava comprometido em 70% com cinco empréstimos consignados. O que sobrava mal dava para viver. Ele estava desesperado.

E esse não é um caso isolado. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), mais de 77% das famílias brasileiras estão endividadas. E quase 50% da população adulta está inadimplente. O que isso significa? Que metade do seu time pode estar vivendo no limite — e tentando segurar as pontas todos os dias sem conseguir.

Segundo a PwC e ABEFIN, 43% dos colaboradores perdem em média 3 horas por dia tentando resolver problemas financeiros.

Vamos calcular isso em horas e reais:

DescriçãoCálculoResultado
Colaboradores afetados (43%)100 x 43%43 pessoas
Horas perdidas por dia43 x 3h129 horas/dia
Horas perdidas no mês (22 dias úteis)129 x 222.838 horas/mês
Equivalente de colaboradores improdutivos2.838 ÷ 176h mensais16,12 pessoas
Custo mensal (salário médio R$ 3.000)16,12 x R$ 3.000R$ 48.360,00
Custo anual da improdutividadeR$ 48.360 x 12R$ 580.320,00/ano

Você pagaria por 16 pessoas a mais para não produzirem? Porque é isso que acontece sem um programa de apoio financeiro ao seu time.

E tudo isso tem uma solução acessível.

A boa notícia é que você não precisa de um programa milionário para mudar esse cenário. Educação financeira não é luxo. É uma das formas mais eficazes, baratas e estratégicas de cuidar do seu time e do seu resultado.

A Necessidade de Intervenção

Diante desse cenário, é crucial que empresas adotem medidas para apoiar seus colaboradores, como:

  • Programas de educação financeira: Auxiliar os funcionários a gerenciar melhor suas finanças pessoais.
  • Parcerias com instituições financeiras: Oferecer opções de crédito com taxas mais justas.
  • Acompanhamento e suporte psicológico: Ajudar colaboradores a lidarem com o estresse financeiro.

Além disso, é fundamental que o governo e os órgãos reguladores estabeleçam limites para as taxas de juros e garantam maior transparência nas operações de crédito consignado.

O problema financeiro dos colaboradores não é apenas uma questão pessoal, é uma preocupação que impacta diretamente o ambiente corporativo e a saúde financeira das empresas. Ignorar essa realidade pode resultar em prejuízos significativos. Portanto, é essencial que empregadores reconheçam a importância de apoiar seus funcionários, promovendo um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo para todos.

O problema financeiro do seu colaborador é, sim, problema seu.

Quem cuida das pessoas, segura os resultados.

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