Por Gabriel Ramos
Toda empresa quer colaboradores produtivos, engajados, presentes e comprometidos com o negócio. Mas poucas percebem que o que acontece fora do expediente e, especialmente, dentro da carteira dos colaboradores — afeta diretamente os resultados.
Hoje, no Brasil, mais de 72 milhões de pessoas estão inadimplentes, e a dívida média ultrapassa os R$ 5 mil. Metade do seu time pode estar lutando para pagar contas básicas, negociando com bancos ou até considerando pedir demissão apenas para sacar o FGTS. Isso não é teoria é realidade, e ela está custando caro.
Quando o problema financeiro vira problema da empresa
Em pesquisa feita pela Creditas com a Opinion Box (2024), 71% dos trabalhadores disseram que rendem mais quando estão com as contas em dia, enquanto 64% afirmaram que não conseguem nem cumprir o básico do trabalho quando estão endividados. Estamos falando de atrasos, erros, falhas de atenção, licenças médicas, uso excessivo do convênio, rotatividade.
Ou seja: a dívida do colaborador entra no chão de fábrica, na sala de reuniões, na entrega de resultados e no clima organizacional.
Mais do que isso: ela entra no caixa da empresa.
Estudos internacionais mostram que trabalhadores com estresse financeiro podem ser até 12% menos produtivos. E segundo a Gallup, o custo dos funcionários desengajados no mundo chega a US$ 7,8 trilhões por ano, o equivalente a 11% do PIB global.
No Brasil, já se estima que colaboradores endividados custam, em média, R$ 576 mil por ano em improdutividade para uma empresa com 100 funcionários. E isso sem contar o custo com rotatividade que dependendo do nível e do setor, pode chegar a R$ 54 mil por demissão.
Isso não é só sobre números. É sobre comportamento.
A OCDE já deixou claro que educação financeira não é só ensinar a fazer planilhas ou economizar no mercado. É sobre criar consciência, desenvolver habilidades, mudar atitudes e promover decisões mais conscientes sobre consumo, crédito e futuro. Isso leva a menos impulsividade, menos endividamento e mais estabilidade dentro e fora do trabalho.
E a empresa tem um papel claro nisso.
O RH moderno deixou de ser apenas executor de folha, férias e rescisões. Ele é o guardião da saúde organizacional, física, emocional e agora, mais do que nunca, financeira.
O que antes parecia “problema pessoal” hoje é reconhecido como questão corporativa, com impacto direto nos indicadores de desempenho. E as que oferecem? Colhem bons frutos.
Você vai pagar esse custo com resultado ou com prejuízo?
A pergunta que fica é: você vai esperar mais quantos colaboradores pedirem demissão por causa de dívidas para perceber que isso te afeta diretamente?
Ou melhor: você vai continuar perdendo performance, produtividade e talentos todos os meses — ou vai transformar esse problema em um investimento inteligente e de alto retorno?
A escolha é da liderança.
O RH já sabe o que fazer.
A hora de agir é agora.
Gabriel Ramos de Padua