
Uma trajetória marcada por recomeços conscientes, coragem e propósito.
Mesmo sem fortes vínculos emocionais na infância, Gustavo Gressi Campos teve estrutura, boa educação e a clareza de que o conhecimento seria sua maior ferramenta. Começou como aluno mediano, mas foi crescendo com escolhas ousadas: trocou uma carreira estável como designer para recomeçar aos 26 anos na administração, decisão que descreve como uma das mais acertadas da sua vida.
Teve mentores fora da hierarquia, encarou ambientes corporativos tóxicos e aprendeu que uma liderança sólida se faz com ética, incentivo e confiança no potencial do outro. Seu maior combustível? Fazer mais do que pedem, agir com consciência e transformar vidas por meio da educação.
Hoje, compartilha seu conhecimento como mentor e professor, e acredita profundamente que a educação é a chave para uma sociedade mais justa, livre e colaborativa.
Na PUC angels, vê um espaço onde seu propósito ganha forma: impactar pessoas, fortalecer negócios e construir pontes que geram desenvolvimento real.
PUC angels: Como foi sua infância e formação? De que forma esses momentos de vida influenciaram quem você se tornou?
Gustavo:Graças a Deus tive estrutura e oportunidade. Sem muita conexão emocional com a família, mas nunca me faltou boa educação, comida, moradia e saúde.
Fui um aluno mediano no ensino médio. Notas médias na casa de 70 em 100.
Fiz uma graduação de Design de Produto pois achava que minha carreira era para o lado criativo. Fui um aluno bem mediano. Notas médias na casa de 78 em 100.
Aos 26 iniciei outra faculdade em administração e nela, tive uma das maiores notas médias entre os formandos, além de ter me formado em menos tempo do que o previsto. Notas médias na casa de 93 em 100.
Aos 29 fiz investi boa parte dos meus recursos e financiei um MBA na Fundação Dom – Cabral formando e ganhando prêmios e reconhecimento de performance. Notas médias na casa de 95 em 100.
As principais influências que recebi para me tornar quem eu sou, foram meus tutores no meio profissional. Pessoas que, embora não fossem meus chefes no organograma, me ensinavam, compartilhavam conhecimento, provocavam pensamentos e orientação para ações de amadurecimento e desenvolvimento profissional.
PUC angels: Se fez faculdade, como foi essa fase da sua vida? Quais aprendizados te marcaram nesse período?
Gustavo: 1) Resiliência, persistência e foco em você. Isso é necessário para aproveitar bem a faculdade.
2) Não foque em passar de ano. Foque em aprender. Formar te dará um diploma e esse diploma talvez abra oportunidade para você, mas é o conhecimento que te manterá vinculado à essa oportunidade. Apenas com um diploma, sem conhecimento algum, você ficará pingando de emprego em emprego fingindo através do seu currículo saber fazer algo que na verdade, você não sabe.
3) Ao ser um aluno medíocre, o único que pagará essa conta no futuro, será você. Quando ficar 4 ou 5 anos da faculdade pensando em: em colar para passar na matéria, ir excessivamente em festas, andar só com gente da “bagunça”, ser o palhaço da turma, lembre-se que provavelmente você terá uma carreira medíocre (mais por uma questão de soft skills) e o único responsável será você. Não será seus professores, seus amigos ou, se quer, suas “más influências”.
Será você, porque você tomou a decisão. Então, foque em se desenvolver. O que você plantar na faculdade vai te acompanhar por 10, 15 ou mais anos da sua carreira.
PUC angels: Como começou sua trajetória profissional? Houve algum momento ou inspiração que te guiou para o caminho que escolheu?
Gustavo: Comecei minha trajetória como estagiário, ganhando 140,00/mês sendo que eu precisava pagar um curso de 100,00/mês. Logo, tinha uma remuneração de 40,00/mês.
Já fui office-boy, o rapaz da TI, o estagiário faz tudo.
Com mais ou menos consciência, erros e acertos, alegrias e frustrações, ondas de otimismo e pessimismo, sempre busquei fazer 101% do que me pediam. Às vezes pelo compromisso real com a empresa, às vezes, porque era isso que me levaria a evoluir. Minha principal inspiração foi essa reflexão. “Faça sempre um pouco mais do que precisa e não espere sempre que a demanda tenha que vir até você. E não faça isso porque você é bonzinho, mas porque o seu progresso depende de você e não dos outros. Faça a sua parte. No pior dos cenários, se no fim as coisas não derem certo, ao menos você tem a consciência limpa de que a sua parte você fez.”
PUC angels: Quais foram os maiores desafios que você enfrentou na carreira — e como eles moldaram sua visão de mundo e de liderança?
Gustavo: Relações corporativas com visão política foram meus maiores desafios. Empresas com a política predativa (àquela onde as pessoas focam em prejudicar ou outro em detrimento da busca pelo autodesenvolvimento), criam ecossistemas medíocres pois tendem a nivelar a performance das pessoas por aqueles que são “menos piores” no que fazem.
Já pedi demissão de uma empresa dizendo ao fundador: “Ganho menos do que gostaria, mas mais do que estou merecendo pela quantidade de coisas que consigo fazer. As relações políticas aqui estão de tal forma, que quem quer produzir não consegue e acaba, assim como eu, saindo”.
Já vivi também uma liderança que articulou para me travar, acredito eu, com receio do risco do meu progresso.
Os dois pontos citados acima servem de alerta moral para mim e minha visão de liderança. Nunca devo temer a evolução do meu liderado. Para que um liderado não seja uma ameaça à minha carreira, em vez de prejudicá-lo ou travá-lo, eu tenho que focar em ser cada vez melhor. Sempre haverá espaço para bons profissionais. E isso, vinculado à minha outra visão de educação como meio de transformação social, me define como líder.
Hoje à exemplo, tenho uma liderada que disse para mim. “Gressi, minha meta é daqui a uns 5 ou 6 anos, estar na sua cadeira.” Minha resposta: “Então vamos traçar um plano de desenvolvimento para isso”. E assim estamos fazendo.
PUC angels: Existe algum momento decisivo na sua vida pessoal ou profissional?
Gustavo: Aos 26 anos, com um salário razoavelmente bom e carreira estável atuando como Designer, decidi começar minha carreira do zero. Pensei: Essa não é minha carreira; não é como designer que eu mostrarei todo meu potencial e me sentirei realizado. Prefiro começar tudo de novo do que chegar lá na frente, aos 70 anos, sem muito tempo e muita energia para “pivotar” e ficar arrependido de não ter tomado uma decisão de mudança de carreira.
Voltei para a faculdade de administração com uma bolsa de estudos e arrumei um novo emprego de estágio na área administrativa. Ganhava 800,00/mês e pagava a faculdade com 400,00/mês. Com os demais custos, essencialmente eu pagava para estudar e trabalhar e isso acabou com meu fundo de reserva que construí por 5 anos.
E digo para todos, foi uma das melhores decisões que eu tomei na vida profissional. Ter a coragem de recomeçar, mesmo todos da família e amigos dizendo que isso não daria certo.
Hoje acredito ser um bom administrador, progredi bem na carreira e me sinto muito realizado fazendo o que eu faço. Por uma coragem de não temer voltar 6 anos na carreira, posso dizer que certamente não chegaria aos 70 anos frustrado e amargurado por não ter tido coragem de ter tomado essa decisão.
PUC angels: Ao longo da sua jornada, que papel a educação desempenhou na sua transformação pessoal e profissional?
Gustavo: Toda. O que sou hoje, aprendi por meio da educação. Na família, na escola ou no meio profissional, fui recebendo e processando informação e aprendizado que me permitiu ter as oportunidades, estrutura e, principalmente, consciência que tenho hoje.
PUC angels: O que te motivou a se tornar associado da PUC angels e apoiar causas como educação, empreendedorismo, inovação e combate à fome?
Gustavo: Graças a Deus e muitas outras fontes como por exemplo meus pais e professores, tive oportunidades que infelizmente poucas pessoas conseguem ter. Precisamos compartilhar o que recebemos com quem não consegue ter tais oportunidades para equalizar coisas.
PUC angels: Quais valores pessoais que mais se conectam com o propósito da PUC angels?
Gustavo: Disseminar conhecimento. Contribuir com a evolução da sociedade e economia. Atuar com transparência, ética e moral. E confrontar o oposto disso.
PUC angels: Que conselho você gostaria de deixar para jovens empreendedores e estudantes que estão iniciando sua trajetória?
Gustavo: De ordem comportamental:
1) Equilibre o planejamento com a ação antes de agir. Mas aja. Carro sem volante te levará a uma colisão. Carro sem acelerador não te levará a lugar algum. O equilíbrio é uma direção responsável, mas com o acelerador funcionando em equilíbrio. Vire a chave; faça acontecer; aja apesar do medo. Não espere chegar aos 80 anos para morrer arrependido de nunca ter tentado.
2) preocupe-se com a sua evolução mais do que qualquer outra pessoa. Afinal, o principal responsável pelo seu progresso, é você. Verdade é; talvez até podemos receber ajuda, mas, obrigação mesmo, ninguém tem de cuidar do nosso progresso. Isso é responsabilidade nossa. Assuma isso para si. Não espere isso da sua empresa, não espere isso do seu chefe. Isso é responsabilidade sua. Com ética e responsabilidade, foque em você acima de tudo.
De ordem técnica:
1) Desenvolva habilidade em negociação e vendas. Pratique (tente. erre. acerte. aprimore)
2) Desenvolver network. Ele é um acelerador de oportunidades. Mas nutrabem sua rede de relacionamentos. Seja interessante antes de ser interesseiro. Descubra como você pode ajudar as pessoas, antes de sair pedindo ajuda. Precisa ser uma troca equilibrada, como todo relacionamento saudável e duradouro.
PUC angels: Para você, qual é o maior impacto que um associado pode gerar na sociedade? E como pretende traduzir isso na sua atuação dentro da PUC angels?
Gustavo: Maior impacto: Abertura de portas, compartilhamento de conhecimento e experiências; reduzir erros potenciais dos mentorados em movimentos equivocados causados pela inexperiência ou desconhecimento de negócios. Evolução de pessoas gerará evolução de negócios, que gerará fortalecimento econômico, que gerará oportunidades de trabalho e progresso para mais e mais pessoas. Traduzirei isso facilitando conexões, mentoreando e compartilhando conhecimento com quem busca por isso dentro do ecossistema.
PUC angels: Há alguma história, conquista ou lição da sua jornada que gostaria de compartilhar para inspirar outros membros da comunidade e leitores do PUC News?
Gustavo: Por dois anos fui professor do PRONATEC para pessoas de baixa renda. Alguns dos meus alunos, que pegavam 2 ônibus para ver minha aula em uma sexta-feira às 21h (destaco o esforço desde nessa fala), se enquadram em grupos minoritários onde a oportunidade é escassa.
Nunca deixei de dar uma aula, mesmo quando professores entraram em greve. Mesmo ficando quase 1 ano sem receber. Tudo, por causa do propósito.
Um belo dia, após 2 anos, recebi uma mensagem de um ex-aluno via Whatsapp dizendo que ele havia aberto seu próprio negócio (uma lanchonete) e ele estava prosperando graças ao que ele aprendeu nas minhas aulas. NÃO TEM DINHEIRO QUE PAGUE A MENSAGEM QUE ELE ME ENVIOU. Não tem absolutamente nada a ver com dinheiro. Transformar a vida de uma pessoa para melhor, é absolutamente tudo. Lembro de ter me emocionado por uns 30 minutos ao ler a mensagem.
“A vida de alguém é melhor por causa da sua ajuda” – O que há mais importante do que isso?

PUC angels: Que legado você sonha em construir e como acredita que a PUC angels pode ser parte dessa realização?
Gustavo: A educação rompe a amarrar. Educação reduz armadilhas. A educação acaba com a manipulação. Educação reduz o ódio. Educação liberta.
Respondendo aquela velha frase “Se você não precisasse de dinheiro, o que faria da vida?”, minha resposta sempre foi: professor.
A educação é o alicerce de uma sociedade justa, equitativa e colaborativa, moral e ética.
O sonho que percorre desde a primeira vez que fui tutor de alguém, até o final do meu tempo aqui, será desenvolver pessoas para que elas sejam livres e capazes de progredir sem dependências.
A missão da PUC Angels vai totalmente em linha com a disseminação de conhecimento como meio para desenvolvimento da sociedade, seja por meio de fortalecimento da economia, seja por desenvolvimento das pessoas.
PUC angels: Qual o momento da sua vida, ou fato, você entende que fez a diferença em você se tornar quem você é hoje? Como isso fez você chegar/alcançar onde está?
Gustavo: 2 momentos marcantes que detalho nas respostas de outras perguntas.
1) Minha virada de carreira aos 26 anos, pois acredito que precisei de coragem para fazer aquilo ainda mais sem apoio de amigos e família. Foram 7 anos intensos e desgastantes de imersão em uma reconstrução profissional. E digo, foi uma das melhores escolhas profissionais que fiz.
2) O agradecimento de um aluno que, dados as minhas aulas, estava prosperando profissionalmente e pessoalmente. Nesse dia, algo marcou em mim e ficou claro que não se relaciona dinheiro com conhecimento. Não há o que pague o que aquela mensagem significou para mim. Aquele dia ficou claro como eu poderia ajudar a construir um mundo melhor.
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