“Café com RH” objetivou estimular o diálogo entre a PUC-Campinas e empresas da região
O programa Se Liga no Trabalho promoveu, no último dia 29 de junho, no Hub Gastronômico, localizado no Campus I da PUC-Campinas, o “Café com RH”. Exclusivo para gestores da área de recursos humanos (RH), o evento teve como objetivo, além de fortalecer o relacionamento entre a Universidade e inúmeras empresas da região de Campinas, estimular o diálogo sobre tendências e demandas do mercado de trabalho, buscando contribuir para a formação acadêmica dos estudantes ao aproximá-la da realidade profissional.
As atividades foram iniciadas pela pró-reitora de Graduação, Profa. Dra. Cyntia Belgini Andretta, que apresentou os integrantes do programa e solicitou para que todos os cerca de trinta convidados também se apresentassem. Em seguida, ela falou sobre a PUC-Campinas, tratando de sua história, missão, infraestrutura, cursos de graduação, pós-graduação (stricto e lato sensu) e extensão, com o apoio do pró-reitor de Educação Continuada, Prof. Dr. Rogério Eduardo Rodrigues Bazi.
Durante a sua explanação, a professora Cyntia salientou a necessidade da transição do modelo linear de ensino para trajetórias diversas e mutáveis e de se revisar conceitos diante das mudanças ocorridas no mundo do trabalho nos últimos anos, lembrando de vários aspectos decorrentes do avanço da tecnologia, como a obsolescência rápida de conhecimentos e habilidades técnicas e a utilização da inteligência artificial (IA) como elemento capaz de nivelar ou ampliar desigualdades geracionais e sociais. Ela também tratou da importância das competências comportamentais em um mundo que exige maior demanda por criatividade, pensamento crítico e inteligência emocional.
Além disso, a pró-reitora de Graduação comentou sobre a necessidade de comunicação eficaz em ambientes digitais e multiculturais e da pressão por aprendizado contínuo e reciclagem profissional constante e fez uma provocação aos gerentes de RH, perguntando-os como universidades e empresas podem se unir para enfrentar esses desafios e preparar melhor os jovens profissionais para o futuro do trabalho, em um momento em que eles buscam por propósito e autenticidade na atuação profissional, valorização do equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, preferência por ambientes colaborativos e inclusivos, desejo de aprendizado contínuo e desenvolvimento ágil e necessidade de consciência sobre a importância do desenvolvimento de soft skills (habilidades interpessoais e comportamentais que impactam a forma como uma pessoa interage, se comunica e se comporta em diferentes contextos, incluindo o profissional).
A necessidade das soft skills
Em resposta, os gerentes mostraram-se alinhados em afirmar que buscam pessoas que possuam soft skills bem desenvolvidas, sejam curiosas em aprender, se sintam desafiadas e saibam sair de situações complicadas. Foi lembrado ainda que aposentados estão sendo contratados novamente, pura e simplesmente, em virtude do bom uso das soft skills.
Sobre a carreira, foi mencionado pelos gestores que as empresas precisam mostrar aos jovens que eles podem “mudar as coisas ao longo do caminho” e que esta vivência deve ser a “trilha, não trilho”. Por fim, eles lembraram que é preciso ter sabedoria para fazer com que o jovem entenda o que está fazendo e o quanto isso é importante para ele e para a empresa.
Ouvindo as empresas
Ainda de acordo com a pró-reitora de Graduação da PUC-Campinas, Profa. Dra. Cyntia Belgini Andretta, a PUC-Campinas tem um compromisso com a empregabilidade e com uma formação de qualidade e, é por isso mesmo, segundo ela, que a Universidade quer ouvir estes stakeholders (indivíduos, grupos ou organizações que têm interesse em uma empresa, projeto ou iniciativa e que podem ser afetados ou afetar as suas decisões e resultados) “para que nós saibamos quais são as tendências e as questões que permeiam, tanto o mercado de trabalho quanto a formação”.
“O nosso currículo (da PUC-Campinas) foi concebido como algo vivo. A gente olha a sociedade, percebe o que existe nela e, por conta disso, nós conseguimos 93.3% de empregabilidade. E nós queremos ampliar esse número. Essa reunião consolida o início de um processo junto com os gerentes e coordenadores de RH no sentido de ouvi-los, até para pensarmos nas propostas desse currículo vivo, que é importantíssimo para a formação dos estudantes. Por isso, a necessidade desse estreitamento de relações com as empresas, para que, em conjunto, possamos pensar nas tendências sociais e de mercado e no desenvolvimento humano integral de nossos estudantes”, explica a pró-reitora.
Preocupação com a formação
A supervisora do Departamento de Estágios do programa Se Liga no Trabalho, Larissa Cristina Veríssimo de Cillo, explica que, além da formação humana integral dos alunos e alunas, a PUC-Campinas sempre busca aproximar as empresas do Programa “para que nós possamos entender quais são as competências, as soft skills que esses estudantes precisam para crescerem, se desenvolverem e se destacarem na disputa por uma vaga de trabalho, afinal a Universidade já conta com uma formação técnica que é referência, uma vez que somos nota 5 em diversos cursos. Por isso, a importância de trazermos empresas até aqui para podermos entender quais são as dores delas, tanto no momento da contratação, quanto no desenvolvimento das atividades do dia a dia”.
As empresas convidadas para o evento foram aquelas que já contam com estagiários estudantes da PUC-Campinas e o convite para o evento, segundo a supervisora, é para que estas “tenham voz ativa aqui na PUC-Campinas, afinal o objetivo do ‘Café com RH’ é fazer com que as empresas se aproximem da Universidade e conheçam tudo que a PUC-Campinas oferece, afinal, a nossa preocupação é com a formação de nossos estudantes e com um futuro cada vez melhor para eles”.
Se adaptando às mudanças geracionais
O especialista em Atração de Talentos da multinacional alemã Bosch, Gustavo Beltramini, explica que o evento aconteceu em um espaço acolhedor, foi muito bem organizado e trouxe à discussão “pautas muito boas” sobre o mundo do trabalho. Ele diz ainda que, além do lado lúdico, as discussões geradas pelo evento puderam aproximar o mundo empresarial da educação universitária, “o que é muito bom, afinal é importantíssimo para nós que, cada vez mais, os estudantes estejam preparados para o mercado de trabalho, mas também que a cultura empresarial também esteja preparada para receber essas pessoas, então, eu acho que é necessário a gente manter este tema vivo, justamente para que nós possamos nos adaptar as mudanças geracionais”.
Gustavo continua dizendo que “o mercado muda muito rápido e se essa discussão não for travada, a gente não avança em parceria, e a Bosch conta com um programa de estágio muito forte. A nossa parceria com a PUC-Campinas é muito forte também e já vem de muitos anos e nós temos orgulho de estarmos próximos da Universidade e de termos em nosso quadro diversos colaboradores formados aqui. É com eventos como esse que a gente começa a abrir portas para podermos construir juntos, tanto o futuro do ensino, como o futuro do mercado de trabalho”.
Discutindo temas relevantes
Para Márcio Provence, supervisor do setor de Gestão de Pessoas da Embrapa Territorial, “é uma alegria muito grande participar deste evento e conhecer a PUC-Campinas, pois nós temos uma relação profunda com a Universidade, uma vez que nós recebemos estagiários de vários cursos daqui. Eu esperava que este encontro fosse muito bom, mas, na verdade, foi maravilhoso, em especial, por termos tido a oportunidade de discutir temas relevantes que nos ajudam a compreender o impacto da vivência dos estudantes nas empresas. O que nós, gestores de RH, esperamos é podermos contribuir sempre e cada vez mais com a formação dos jovens”.
O futuro das empresas
Renata Vallillo, HR business partner (parceira de negócios de RH) da multinacional norte-americana IBM, disse ter ficado positivamente surpresa com o evento e que, dentro do contexto da Região Metropolitana de Campinas (RMC), é preciso haver discussões como a realizada pelos gestores no Hub Gastronômico. “A gente precisa manter viva essas discussões referentes a recursos humanos para que possamos trocar informações e entendermos as experiências pelas quais os nossos colegas passam e para podermos dizer o que nos aflige dentro de casa e conseguirmos desenvolver trocas, insights, esse brainstorm todo e, claro, oferecer para os estudantes essa possibilidade de eles entrarem no mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, gerar insights valiosos para que os professores nos ajudem, dentro da sala de aula, na formação desses jovens que são, sem dúvida nenhuma, o futuro de nossas empresas”.
Ela continua dizendo que muitos dos estagiários e colaboradores da IBM são formados na PUC-Campinas e que é “uma alegria muito grande a gente receber essa devolutiva da Universidade a fim de podermos sempre contar com ótimos profissionais no futuro, mas sabendo que antes nós temos de ajudá-los a se desenvolverem dentro da empresa. Eu espero mesmo é que esses encontros sejam regulares para que a gente possa promover essa troca, esse intercâmbio de talentos, olhando para a Universidade e para as empresas, sempre pensando em parcerias que visem a criação de um pool de talentos dentro de cada companhia aqui da nossa região”.
Desafios e necessidades
Adriana Gottardi, gerente de Recrutamento da PwC, uma das maiores multinacionais de consultoria e auditoria do mundo, diz que as trocas de informações entre os gestores foram muito importantes por mostrar os desafios e necessidades enfrentados pelos setores de recursos humanos das empresas nos dias atuais em relação aos jovens profissionais. Ela observa que “o que apareceu de muito comum nas conversas foi a questão da necessidade de o estagiário vivenciar o estágio, de ele conseguir entender o papel dele como estagiário e de compreender que ele precisa criar as suas próprias histórias dentro da sua carreira profissional, mas o que é percebido é que eles mal entram em uma empresa e já querem trocar de área, de carreira, de empresa, sem experimentarem, nem vivenciarem esse processo do estágio e isso é muito preocupante, porque ao construir a sua carreira, esse jovem também irá construir valores e experiência”.
A gerente finaliza esclarecendo que “a ansiedade que a gente percebe no jovem quando ele entra na empresa de tudo querer fazer não é benéfica a ele. Ele precisa, sim, ter essa ânsia de curiosidade, de não ficar parado e ir atrás de aprender, mas não pode desejar realizar essas trocas o tempo todo. Ele precisa dar tempo ao tempo e querer ter calma para construir a sua carreira”.
Sobre o Se Liga no Trabalho
O Programa Se Liga no Trabalho oferece atividades voltadas para o desenvolvimento integral dos alunos e alunas, com foco nas competências socioemocionais; suporte personalizado aos estudantes em sua jornada profissional; orientação sobre currículos e preparação para entrevistas de emprego; divulgação de vagas de estágio e emprego; suporte e orientação para convênios e contratos de estágio; e estreitamento de parcerias com empresas e organizações, ampliando as oportunidades de estágio, emprego e networking.
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