Inovação contínua em fintechs: como startups estão transformando a indústria financeira tradicional e o que esperar para 2025

Com a evolução de conceitos importantes, como pagamentos instantâneos, regulamentações de Banking as a Service (BaaS) e a ascensão do Open Finance, acredito que estamos à beira de uma nova era digital

As fintechs desempenharam um papel crucial no avanço da inovação financeira, especialmente nas áreas de crédito e pagamentos, e esse movimento deve se intensificar ainda mais em 2025. O Pix, por exemplo, se consolidou como o sistema de pagamento mais popular de 2024, com mais de 76% da população brasileira o utilizando para fazer pagamentos – segundo dados da pesquisa “O Brasileiro e sua Relação com o Dinheiro”, feita pelo Banco Central – e deve avançar ainda mais à medida que outras inovações vão sendo incorporadas, como o Pix parcelado e o Pix por aproximação, que devem ser implementados neste ano. Esse cenário de inovação contínua tem provocado grandes mudanças no mercado financeiro, aumentando a acessibilidade ao crédito e ampliando o poder de compra dos consumidores.

O mercado de crédito consignado foi um dos setores mais impactados por inovações tecnológicas provenientes das fintechs. Tradicionalmente dominado por grandes bancos e instituições financeiras de nicho, as fintechs abriram novas possibilidades, com produtos como o saque-aniversário do FGTS e o crédito consignado via INSS, permitindo que mais pessoas tenham acesso ao mercado de capitais e expandindo as opções de crédito disponíveis. Isso sem falar na utilização da Inteligência Artificial (IA) para reduzir burocracias, como a formalização de documentos, o que trouxe um ganho maior de eficiência e agilidade para o setor, além de ser uma aliada relevante no combate a fraudes.

Mas o que esperar para 2025? Acredito muito que as fintechs continuarão atuando como protagonistas e ditando os rumos da transformação no mercado financeiro. Com a evolução de conceitos importantes, como pagamentos instantâneos, regulamentações de Banking as a Service (BaaS) e a ascensão do Open Finance, acredito que estamos à beira de uma nova era digital. Ao mesmo tempo, cresce a necessidade de mecanismos antifraude mais robustos e de soluções de Embedded Finance, capazes de transformar a maneira como empresas e consumidores interagem com serviços financeiros.

Do ponto de vista do Banking as a Service, o Banco Central lançou, em outubro do ano passado, a consulta pública 108, para regulamentar os modelos de parceria para prestação de serviços financeiros ou de pagamento conhecidos como BaaS. O objetivo é mitigar riscos aos clientes e contribuir para a estabilidade e eficiência do sistema financeiro, definindo claramente as responsabilidades das empresas envolvidas e assegurando a compatibilidade dos modelos de negócio com o arcabouço normativo aplicável. Acredito que esse movimento é crucial para mitigar riscos aos clientes, assegurando transparência na prestação de serviços e garantindo que ocorram em um ambiente regulado, além de contribuir para a estabilidade do sistema financeiro, definindo claramente as responsabilidades das empresas envolvidas e assegurando a compatibilidade dos modelos de negócio com o arcabouço normativo aplicável.

Em relação ao Open Finance, acredito que seguirá avançando significativamente no país, sobretudo devido à regra de que, a partir de 1º de janeiro deste ano, todas as instituições individuais ou pertencentes a conglomerados com mais de 5 milhões de clientes serão obrigadas a participar do Open Finance, ampliando a base de clientes que podem optar por compartilhar seus dados entre as instituições de 75% para 95%. Outro movimento para intensificar o crescimento do Open Finance é a portabilidade de crédito e salário prevista pelo Banco Central, com o objetivo de simplificar e agilizar esses processos.

Da mesma forma, o Embedded Finance, que já avança globalmente, deve ter uma expansão considerável no Brasil em 2025. Empresas de diversos setores estão incorporando serviços financeiros em suas ofertas, proporcionando aos consumidores acesso a produtos como crédito, seguros e investimentos, diretamente em plataformas não financeiras. Por exemplo, grandes varejistas estão atuando como bancos e oferecendo crédito aos consumidores e diversificando suas fontes de receita. Esse movimento fortalece a relação entre marcas e consumidores e torna a experiência mais integrada e fluida.

Em um cenário com tantas possibilidades e desafios, acredito que a chave para que as fintechs continuem inovando e se destacando passa pela implementação de tecnologias avançadas de proteção de dados, como criptografia e sistemas de monitoramento de fraudes em tempo real, além da colaboração com órgãos reguladores, como o Banco Central. Nunca antes foi tão crucial equilibrar inovação e solidez, sempre com o foco na criação de valor para consumidores e empresas.

Por Pedro Mac Dowell, CEO da QI Tech

Fonte: Epoca Negocios

COMPARTILHE:

POSTS

Mais recentes