Formação integrou atividades no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas e no Centro de Extensão Vila Fátima
As médicas residentes em pediatria Micaela Massambo, Conceição Campira e Idália Macheve, naturais de Maputo, Moçambique, concluíram em maio um intercâmbio de formação em Porto Alegre. A experiência ocorreu no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas e no Centro de Extensão Universitária Vila Fátima, por meio de uma parceria entre a Escola de Medicina da PUCRS e o Hospital Central de Maputo.
A escolha pelo Brasil, segundo as médicas, foi motivada por fatores como a facilidade do idioma e as semelhanças epidemiológicas entre os dois países, ambos de clima tropical.
“Moçambique também é um país tropical, e isso facilita o intercâmbio. É importante entender como outras equipes lidam com os mesmos problemas — o que é feito quando há recursos, e o que se faz quando não há?”, explica Conceição Campira.
Outro fator determinante na escolha de Porto Alegre foi a relação das médicas com o professor Chris Buck, recentemente homenageado pela PUCRS com o título de Doutor Honoris Causa. O docente atua em uma rede global de saúde que inclui instituições como a Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e o Hospital Central de Maputo, e tem incentivado a mobilidade acadêmica de estudantes, residentes e professores.
Durante o intercâmbio, as médicas moçambicanas atuaram em dois cenários de práticas: a enfermaria pediátrica e a UTI Neonatal do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, além do Centro de Extensão Vila Fátima, que funciona como uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e atende cerca de 4.900 famílias da região. As atividades fizeram parte do convênio entre a PUCRS e o município de Porto Alegre, que garante atendimento exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Elas acompanharam atendimentos, discutiram casos clínicos com professores e colegas, e participaram ativamente da rotina dos serviços”, relata a professora Margareth Salerno, coordenadora dos Cenários Externos da Escola de Medicina da PUCRS.
As médicas elogiaram a infraestrutura do Centro de Extensão Vila Fátima. “É uma estrutura excelente para uma unidade de saúde. A divisão dos espaços por faixa etária e necessidade de atendimento é muito bem organizada”, comenta Conceição. Por outro lado, Idália Macheve pondera que, por se tratar de uma unidade vinculada ao ensino, a realidade observada pode não refletir completamente os desafios enfrentados em outras regiões do país.
Outro ponto de destaque para as residentes foi o acolhimento e o cuidado humanizado observado nas instituições. Conceição se emocionou ao ver que a enfermaria pediátrica conta com um espaço de recreação para as crianças em tratamento.“Fiquei encantada. Ter um espaço onde a criança pode brincar e aprender mesmo durante a internação contribui muito para sua reabilitação”, afirmou.
Para Idália, a possibilidade de discutir casos diretamente com preceptores e observar o dia a dia hospitalar foi uma experiência enriquecedora: “Tivemos contato com os pacientes e pudemos discutir diversas situações clínicas em cada local por onde passamos. Foi uma experiência muito positiva.”
Ao final da estadia no Brasil, as médicas reforçaram a importância de conhecer outras realidades na área da saúde. “Temos cinco continentes. É sempre enriquecedor ver como as coisas são feitas em outros lugares. Sempre há algo novo a aprender”, ressalta Conceição. Idália completa: “Participar de intercâmbios é importante para abrir a mente, conhecer outras formas de viver, pensar e cuidar das pessoas.”