No dia 19 de maio, segunda-feira, o Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais (PPGCS) promoveu a palestra A questão do pardo no Brasil, conduzida pela Profa. Dra. Flávia Rios, docente da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora reconhecida nas áreas de relações raciais, desigualdades sociais e pensamento social brasileiro. Realizado no Campus Coração Eucarístico, o evento reuniu estudantes, docentes e interessados em refletir criticamente sobre as categorias raciais no país, com destaque para a posição social e política — muitas vezes invisibilizada — dos indivíduos autodeclarados pardos.
Dividida em quatro partes, a apresentação teve como ponto de partida o percurso de produção do livro que dá nome à palestra, cuja origem está diretamente relacionada à crescente demanda por compreender a categoria “pardo” à luz de debates recentes e das mudanças no cenário político e demográfico brasileiro. A professora destacou que os dados do Censo 2022 apontam os pardos como o maior grupo autodeclarado do país, o que reforça a urgência de se aprofundar o entendimento sobre quem são essas pessoas e como se dá sua inserção social, política e econômica.
A partir de três eixos — classificações e desigualdades; políticas públicas e movimentos sociais — a palestrante abordou os desafios da autoclassificação e da heteroclassificação racial no Brasil. Nesse contexto, discutiu as políticas de ações afirmativas implementadas desde 2001, com destaque para a política de cotas, e os efeitos da sua consolidação a partir de 2012, quando houve uma certa homogeneização dos modelos de acesso às políticas públicas voltadas para esse público.
A palestra também trouxe reflexões sobre os embates contemporâneos em torno da identidade parda, marcadamente mediados pelas redes sociais, onde emergem questionamentos e polêmicas acerca da legitimidade, visibilidade e representação dessa categoria. Para a professora, tais tensões sociais motivaram a organização do livro, que busca reunir contribuições de autores de diferentes regiões do Brasil — majoritariamente do meio acadêmico — e refletir sobre as múltiplas experiências e interpretações da identidade parda.
