Planejamento estratégico e o cultivo de virtudes

Por: Erick Couto

30 de abril de 2024

O planejamento é o método que nos guia na jornada de um empreendimento; o planejamento estratégico visa suportar não somente um determinado objetivo, mas a longevidade de um determinado empreendimento. A necessidade de planos para a execução de um empreendimento de qualquer natureza, visa antecipar cenários, conhecer a si mesmo e seus concorrentes afim de numa macro visão prever riscos e apurar eventuais possibilidades de sucesso. O sábio Rei Salomão, escritor do livro de Provérbios disse certa vez que os planos quando expostos a conselho tendem ao êxito. Isso traz para mim uma tríade basilar para o sucesso em qualquer escala de empreendimento:  Planejamento, Virtudes e Conselho.

Nossa geração tende a buscar o êxito no imediatismo e em resoluções independentes com teores de glória pessoal e legados exuberantes. O maior resultado com o menor esforço tem se mostrado realmente útil, somente quando aliado à aplicação de virtudes. Em minha opinião, a não observância desse contexto, equivocadamente tachado de “excesso de conservadorismo” é que influi diretamente no grande número de insucessos atuais.

Qualquer empreendimento, seja econômico, financeiro, relacional ou mesmo o futuro que almejo, deve obedecer o seguinte cronograma de prioridades:

– Cultivo pessoal de virtudes,

– Bom e exequível plano devidamente validado,

– Bom e efetivo conselho que me suporte no desenrolar das metas de meu plano.

As virtudes são citadas por mim como a primeira demanda, para que se tenha a dimensão da prioridade correta, pois determinação e foco sem a estrutura moral e comportamental necessárias podem induzir a um sucesso trágico. E nesse aspecto, me refiro ao sucesso que logo é seguido por um grande e substancial fracasso e derrocada.

Sempre que falo de virtudes em meus treinamentos, artigos e palestras gosto de evidenciar as virtudes cardeais; sem dúvida a civilização ocidental reconhece nelas os pilares que sustentam a boa conduta e influem diretamente no êxito dos planos estabelecidos em qualquer esfera de nossa vida. Essas são também identificadas como a mãe de todas as virtudes, ou seja, coragem, determinação, resiliência, liderança são consequências do cultivo dessas quatro virtudes principais.

A primeira delas é a PRUDÊNCIA, ela nos orienta a tomar decisões sábias e ponderadas, usando como base a precaução ou antecipação de riscos para me fazer considerar a maior quantidade de variáveis que estão em jogo e que influenciarão nos resultados de minhas ações estratégicas, táticas ou operacionais na execução de meus planos. A prudência, segundo definição é uma virtude que envolve a capacidade de discernir e agir com bom senso, cautela e sabedoria. Ela implica diretamente em tomar decisões ponderadas, considerando as consequências e avaliando os riscos envolvidos. Também envolve a capacidade de antecipar e escolher quais problemas vamos lidar, buscando sempre o equilíbrio entre os diferentes interesses e, sobretudo, alinhando com nossos valores e motivações pessoais.

A JUSTIÇA é o senso que nos impulsiona a agir em busca da equidade e imparcialidade, buscando o bem comum, sem desqualificar o saudável processo competitivo nos levando ao desejável equilíbrio de gerir os recursos e forças de forma a garantir a continuidade do projeto. É fato que modelos de liderança plural e com diversidade de competências, tendem a um exercício mais apurado da justiça e distribuição equitativa.

A justiça é uma virtude que implica no esforço pessoal em tratar todas as pessoas de forma equitativa, o que difere troncalmente do tratamento igualitário (tão ideológico hoje em dia) respeitando seus direitos individuais e garantindo que recebam aquilo que lhes é devido. Isso exigirá de mim uma ação com integridade, honestidade e imparcialidade em muitas situações, buscando respeitar as leis naturais e normas estabelecidas. A justiça também envolve promover a igualdade de oportunidades e combater a injustiça, o abuso e a opressão. Em resumo, ser justo significa agir de acordo com princípios éticos e morais que garantam o bem-estar e a dignidade das pessoas. No entanto, a aplicação da justiça não pode de forma alguma ensejar a irresponsabilidade individual.

A FORTALEZA nos consolida para enfrentar desafios e adversidades com determinação e bravura, além de nos dar a estrutura e resiliência necessárias para servirmos como abrigo a outros além de nós.

A virtude da fortaleza, pode ser interpretada como coragem, mas o fato é que ela envolve e potencializa a capacidade de enfrentar desafios, adversidades e medos com determinação, firmeza e bravura. Ser uma pessoa “forte” significa agir com resolução, mesmo diante de situações difíceis ou perigosas, mantendo-se firme em seus princípios e valores, quando previamente estabelecidos. A fortaleza também implica em perseverança e resistência, permitindo que alguém supere obstáculos e continue avançando em direção aos seus objetivos, mesmo quando enfrenta dificuldades e desventuras. Notem que a determinação, coragem, resiliência e bondade são oriundas dessa virtude.

E, por fim, a TEMPERANÇA nos ensina a moderar nossos próprios desejos, tendências naturais e impulsos, cultivando a autodisciplina e o equilíbrio pessoal. Dalai Lama em seu livro A ÉTICA DA AUTO CONTENÇÃO demonstra a importância do cultivo da disciplina do “dizer não a si mesmo”. Nos Estados Unidos da América há uma unidade militar de operações especiais que é considerada a melhor unidade de forças especiais do mundo.  Nela, há uma norma de conduta que se um “Operador” dos Navy Seals trair sua esposa ele será expulso com desonra. Para eles se você trai sua esposa, você trairá sua unidade de operações e eventualmente, seu país.

A virtude da temperança envolve o equilíbrio e a moderação em todas as áreas da vida. Ser temperante significa controlar os apetites e os excessos. Isso inclui não apenas o controle sobre a alimentação e os hábitos de consumo, mas também sobre as emoções, os impulsos sexuais e outros aspectos da vida cotidiana e, também, corporativa. A temperança exige que uma pessoa mantenha o equilíbrio e a harmonia em sua vida, evitando excessos que possam levar ao vício, à indulgência ou ao desequilíbrio emocional. Em resumo, ser temperante significa cultivar a moderação e o autocontrole, buscando um equilíbrio saudável entre as necessidades e os desejos. O grande desafio, inclusive no mundo corporativo é discernir essas grandezas de forma adequada, percebendo suas diferenças.

Finalmente, ao unir os princípios que regem o bom planejamento estratégico, considerando as melhores técnicas e aplicações, com as virtudes cardeais, construímos um caminho sólido rumo ao sucesso, sem perder de vista a realização e a qualidade de vida pessoal.

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