A pesquisa recebeu, somente para a vacina, investimento de R$ 5,7 milhões da FINEP
A PUC-Campinas conquistou um feito importante para a ciência e a inovação em saúde no Brasil: uma captação superior a R$ 15 milhões para impulsionar pesquisas de ponta no combate ao câncer. Coordenados pelo Prof. Dr. Leonardo Reis, pesquisador do Programa de Ciências da Saúde e docente da Faculdade de Medicina, os projetos envolvem o desenvolvimento de uma vacina personalizada contra o câncer de bexiga e a criação do primeiro e único Instituto Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (INCT) em Urologia e Tumores UroGenitais do país — o INCTUroGen.
A iniciativa reúne as maiores universidades e hospitais de todas as macrorregiões brasileiras, formando uma rede colaborativa para avançar o conhecimento sobre tumores de próstata, bexiga, pênis e rim. O INCT UroGen também terá a colaboração de universidades importantes internacionais: a Universidade de Viena, na Áustria; e universidades norte-americanas, como a Universidade de Harvard, a Universidade de Pittsburgh, e a Universidade da Pensilvânia, além do Moffitt Cancer Center.
O objetivo é não apenas gerar descobertas científicas, mas também acelerar a aplicação clínica desses avanços, fortalecendo o Sistema Único de Saúde (SUS) por meio da transferência de protocolos, tecnologias e inovações. O Instituto também terá um site próprio para facilitar a reunião de informações sobre o tema.
Vacina inédita no Brasil
Dentro desse esforço, a PUC-Campinas, por meio do seu Instituto de Imunooncologia, obteve a aprovação de um financiamento de R$ 5,7 milhões pela FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), no edital Mais Inovação Saúde. Os recursos vão apoiar um projeto inédito no Brasil: o desenvolvimento de uma vacina personalizada contra o câncer de bexiga não-músculo invasivo.
O diferencial da vacina está na utilização das células dendríticas do próprio paciente, programadas para ativar o sistema imunológico a reconhecer e combater o tumor. Para tornar o tratamento ainda mais preciso, o estudo emprega neoantígenos — marcadores genéticos exclusivos de cada câncer — que potencializam a resposta do organismo. O método complementa a tradicional vacina BCG, oferecendo uma alternativa mais direcionada e potencialmente eficaz.
A fase inicial do estudo clínico vai envolver 20 pacientes atendidos pelo SUS, com o objetivo de estabelecer um protocolo que possa ser replicado em hospitais públicos de todo o Brasil, democratizando o acesso à inovação.
Formação de especialistas e soberania científica
Além do impacto direto no tratamento do câncer, o projeto fortalece a formação da próxima geração de oncologistas, cientistas de dados e pesquisadores, preparados para lidar com os desafios globais da saúde. Segundo o professor Leonardo Reis, a iniciativa também contribui para a soberania científica brasileira ao consolidar capacidades nacionais em imunoterapia e medicina personalizada.
“Estamos construindo conhecimento que fica no Brasil, que melhora o atendimento pelo SUS e que forma profissionais para liderar a saúde do futuro”, destaca o Prof. Dr. Leonardo Reis.
Parceria
A iniciativa também tem como destaque a parceria com instituições de excelência, como o Hemocentro da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Icahn School of Medicine at Mount Sinai, em Nova Iorque (EUA), além do papel fundamental da FINEP no financiamento.