Evento organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião em parceria com outras universidades do país, reuniu pesquisadores brasileiros e internacionais
A PUC-Campinas sediou, entre os dias 26 e 28 de maio, o “Colóquio Internacional Religião, Política e Exclusão: desafios a um pluralismo das singularidades”, reunindo pesquisadores do Brasil e de outros países, como Estados Unidos, Alemanha, Canadá e Argentina. O evento foi realizado no Campus I, em parceria com a Universidade do Estado do Pará (UEPA), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), PUC-Paraná (PUC-PR) e Faculdade Unida de Vitória (FUV), com o selo de qualificação da ANPTECRE, a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Teologia e Ciências da Religião.
Na sua oitava edição, o colóquio contou com a presença de pesquisadores da Universidade Católica da Argentina, da Loyola University – Chicago (Estados Unidos), da University of Applied Sciences, Hermannsburg (Alemanha), da Universidade Católica Portuguesa, da VU-Amsterdan/Stellenbosch University (África do Sul), da Université Laval (Canadá) e da Universidade Nacional de Mar del Plata (Argentina).
Segundo a Profa. Dra. Ana Rosa Cloclet da Silva, Docente-Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC-Campinas, a temática colocou em discussão os efeitos ambíguos da presença das religiões no espaço público e nas suas relações com a política.
“Esse é um tema polêmico em todo o mundo, não apenas no Brasil. Estamos discutindo os efeitos ambíguos da presença das religiões no espaço público, especialmente em sua relação com a política. Por um lado, essa presença pode contribuir para o fortalecimento da democracia e dos direitos humanos; por outro, pode também gerar exclusões, ao restringir a noção de religião a uma visão reducionista que marginaliza outras expressões religiosas”, afirmou Ana Rosa Cloclet.
Como exemplo dessa discussão, o Prof. Dr. Douglas Barros, Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC-Campinas, mencionou a participação das religiões de matriz africana na América do Sul.
“Embora muitas religiões preguem a união, a humildade e a fraternidade, questionamos por que algumas têm mais visibilidade pública do que outras e por que certas tradições religiosas são marginalizadas e consideradas menos legítimas. Um exemplo disso é a exclusão das religiões afro-brasileiras e afrodescendentes na América do Sul. No debate, foram discutidos os casos do Brasil e da Argentina, onde religiões mais tradicionais e institucionalizadas têm atuado para invisibilizar essas expressões religiosas, negando-lhes espaço, reconhecimento institucional e presença pública, explicou Douglas Barros.
Como complemento a essa temática, Philippe Roy-Lysencourt, professor de História do Cristianismo Moderno e Contemporâneo na Universidade Laval, no Canadá, abordou em sua apresentação a declaração Nostra aetate, do Concílio Vaticano II, promulgada em 1965 pelo Papa Paulo VI.
“O relatório entre a Igreja Católica e as religiões não-cristãs é um documento muito importante do Conselho Vaticano II. Ele mudou o olhar e o discurso que a Igreja tem sobre as outras religiões”, afirmou Philippe Roy-Lysencourt.
Debate amplo
Segundo a Profa. Dra. Ana Rosa Cloclet da Silva, essa temática tem potencial para extrapolar o debate acadêmico, abrindo espaço para um diálogo mais amplo e interdisciplinar.
“Esperamos que essa discussão interesse também a pesquisadores de outras áreas, já que a complexidade do tema exige a contribuição de diferentes campos do conhecimento, como as ciências da religião, a história, a teologia, a filosofia e as ciências sociais. Os participantes deste evento refletem essa diversidade. Embora atuem em distintas áreas, estão todos comprometidos com os estudos de religião” explicou a Profa. Dra. Ana Rosa Cloclet da Silva.
“Nosso objetivo é oferecer uma abordagem equilibrada, fundamentada em dados, referências bibliográficas relevantes e uma reflexão crítica e consistente. Com isso, buscamos formar estudantes capazes de compreender a complexidade do tema e de atuar na sociedade de maneira qualificada, consciente e comprometida com a responsabilidade de sua formação”, complementou o Prof. Dr. Douglas Barros.
Seminário Interdisciplinar
Ainda durante os três dias de colóquio, foram realizadas sessões temáticas para a apresentação de resultados de pesquisa em diferentes níveis – mestrado, doutorado e iniciação científica – desenvolvidos por discentes da PUC-Campinas e de diversos programas de pós-graduação de outras instituições e o Seminário Interdisciplinar “Religião, Mística e História”, voltado para os cursos de graduação em História, Filosofia, Teologia e Ciências Sociais.
O tema foi abordado pela Profa. Dra. Ceci Mariani, integrante do Comitê Científico do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC-Campinas e pelo Prof. Dr. Philippe Roy-Lysencourt da Université Laval (Canadá), com a mediação da Profa. Dra. Ana Rosa Cloclet da Silva.
