PUC Minas sedia Seminário do Observatório da Migração Internacional do Estado de Minas Gerais

De 25 a 27 de junho, a PUC Minas Lourdes sedia o IV Seminário do Observatório da Migração Internacional do Estado de Minas Gerais. Com o tema Migração Internacional no Estado de Minas Gerais: balanço de desafios e de políticas no primeiro quarto do século XXI, o evento propõe um espaço de reflexão e diálogo sobre as dinâmicas migratórias que marcaram o estado nas últimas décadas.

Representando o Reitor da Universidade, Prof Dr. Pe. Luís Henrique Eloy e Silva, o Prof. Dr. Danny Zahreddine, diretor do Instituto de Ciências Sociais, destacou a dimensão da crise migratória no mundo, fruto, na sua percepção, do retrocesso civilizacional que o mundo vem enfrentando nos últimos anos, sobretudo relacionado aos direitos de uma parcela da população que é muito vulnerável: os migrantes, disse, ao se incluir nesse grupo. “Eu sou migrante também. Migrante libanês muito bem acolhido por essa terra”, compartilhou.

Danny também destacou que o tema da migração está no centro da Igreja. “Jesus percorria as regiões mais distantes da Palestina e de Israel. Era um peregrino. Como isso não poderia estar no coração da Igreja?”, indagou. Ele também destacou o papel da PUC Minas em apoiar as iniciativas do poder público, das organizações internacionais e de setores da sociedade civil na missão para a continuidade do caminho da civilização humana. “A participação da Universidade na Cátedra Sérgio Vieira de Mello, de certa forma, materializa esse apoio”, afirmou.

A Profa. Dra. Ana Márcia Alvim, representante da coordenação do Programa de Pós-graduação em Geografia – Tratamento da Informação Espacial, destacou a preocupação com uma questão-chave: migrar não é tão simples. “Deixar tudo para trás faz com que a pessoa fique bastante suscetível a abalos, inclusive psicológicos. E aí percebemos que é preciso um ambiente mais acolhedor. É preciso pensar em um ambiente em todos os seus aspectos e em todas as suas políticas”, afirmou, ao ressaltar a contribuição do Observatório nesse sentido, associando-se diretamente à Missão da Universidade. “Estamos disponíveis para desenvolvermos conhecimento, sermos solidários, éticos, acolhedores e tudo o que for possível para garantir que os Direitos Humanos sejam realmente cumpridos”, completou.

Juliana Rocha, representante da Organização Internacional para Migração (OIM) em Minas Gerais, destacou a importância da articulação interinstitucional na promoção de políticas públicas e para o fortalecimento do apoio às pessoas migrantes do estado. “Belo Horizonte tem se fortalecido como rede”, ressaltou. “Eu acredito piamente que esse espaço proporcionará trocas de experiências e de conhecimento a todos nós. Que esse seminário fortaleça ainda mais essa rede que vem se consolidando nos últimos anos”, completou.

Representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, o Prof. Dr. William Torres apontou que, de acordo com dados da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), 123 milhões de pessoas sofreram com o deslocamento forçado no último ano. “A Acnur tem tentado, da melhor maneira possível, ajudar por meio de uma série de projetos. Um deles é a Cátedra Sérgio Vieira de Mello, que faz com que as universidades sejam agentes sociais atuando em prol dessa causa. A PUC Minas faz parte do projeto e tem sido uma parceira importantíssima nesse espírito de cooperação e de produção de conhecimento e de políticas”, afirmou William, que participou da abertura do seminário remotamente.

A Profa. Dra. Ana Carolina da Rocha, diretora estadual de Migrações e Enfrentamento ao Tráfico Humano e Trabalho Escravo, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social do Estado de Minas Gerais, esteve à frente da coordenação do recebimento dos repatriados, que deixaram os EUA no início deste ano, e destacou a importância da existência de instituições que pensam sobre a migração e o Direito Internacional. “Não basta apenas falar que existe acolhimento. É preciso ir além. É preciso pensar em políticas públicas que vão acolher essas pessoas que saíram dos seus países em busca de paz, de trabalho, de uma vida digna. Todo mundo quer ter o prazer de voltar para a casa no final do dia, quer ter um lar seguro. Então, migrar não é crime, migrar é um direito humano”, argumentou.

Suellen Fraga, representante do Conselho Regional de Psicologia, lembrou que em 25 de junho comemora-se o Dia do Imigrante, data que celebra a força daqueles que atravessam fronteiras geográficas, políticas e simbólicas, carregando consigo histórias, feridas e sonhos. “Não podemos permitir que o Brasil continue sendo atravessado por políticas de exclusão. Defender os direitos de imigrantes, refugiados e apátridas é, portanto, defender a dignidade da vida. Por isso, afirmamos que não há saúde mental sem justiça social, não há dignidade sem política pública e não há democracia que se sustente onde a migração é tratada como problema, e não como potência”, defendeu, reforçando que a psicologia brasileira segue comprometida com a defesa inegociável dos Direitos Humanos.

A assistente social Angetona Dorgilus, presidente do Conselho Municipal Intersetorial de Defesa dos Direitos de Pessoas Migrantes em Mobilidade Humana Internacional de Contagem, pontuou que a migração enriquece a sociedade à medida que contribui com o fomento da diversidade cultural, mas, também traz muitos desafios que precisam ser enfrentados para que seja construído um futuro mais justo e acolhedor. “O Brasil se diz um país acolhedor, mas será que isso é suficiente? Precisamos mesmo é de políticas públicas e de ações que promovam a integração e o bem-estar de todos”, refletiu Angetona, que também é imigrante e veio do Haiti para o Brasil em busca de uma vida melhor.

Migração Internacional no Sul e no Norte Globais

Após a solenidade de abertura, a palestra Migração Internacional no Sul e no Norte Globais: estado da arte e perspectivas foi ministrada pelo Prof. Dr. Jorge Macaísta Malheiros, da Universidade de Lisboa (Portugal), e pelo Prof. Dr. William Mejía Ochoa, da Universidade de Pereira (Colômbia). A mediação foi da Profa. Dra. Gisele Zapata, da Universidade Federal de Minas Gerais.

As atividades do seminário prosseguem até sexta-feira, 27 de junho.

Para outras informações, acesse o site do seminário.

Realização

A conferência é realizada pelo Programa de Pós-graduação em Geografia – Tratamento da Informação Espacial, com o apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG).

Fonte: https://www.pucminas.br/sala-imprensa/noticias/Paginas/PUC-Minas-sedia-Semin%C3%A1rio-do-Observat%C3%B3rio-da-Migra%C3%A7%C3%A3o-Internacional-do-Estado-de-Minas-Gerais.aspx

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