O cenário de investimentos em startups passou por uma transformação nos últimos anos. Se em 2021 o capital de risco atingiu seu pico histórico, os dois anos seguintes trouxeram uma forte retração, marcada pelo chamado “inverno das startups”. Em 2024, os sinais de recuperação começaram a aparecer, mas o mercado ainda opera em patamares significativamente mais baixos.
Entre janeiro e setembro de 2024, startups brasileiras captaram US$ 1,46 bilhão em investimentos, um crescimento de 9,5% em relação ao mesmo período de 2023. No entanto, esse valor ainda é cinco vezes menor do que o registrado no mesmo intervalo de 2021. O fluxo de capital segue instável, com quedas pontuais, como a de setembro, quando os aportes recuaram 17,8% em comparação ao ano anterior.
Diante desse novo contexto, a governança tornou-se um fator crítico para a sobrevivência e o crescimento das startups. Empresas que adotam boas práticas de gestão e estruturação financeira têm maior resiliência para atravessar momentos de incerteza e captar investimentos em estágios mais avançados. Em 2024, um dos principais sinais positivos foi a retomada do interesse dos investidores em startups late stage, que passaram por ajustes operacionais para se tornarem mais atraentes ao mercado.
A era do dinheiro fácil ficou para trás. O capital segue mais seletivo, favorecendo startups que demonstram eficiência operacional, estratégias sustentáveis e um modelo de governança robusto desde as fases iniciais.
Startups, Credibilidade e Governança
Com a nova dinâmica do mercado e a maior seletividade dos investidores, a governança deixou de ser um detalhe para se tornar um fator determinante na trajetória das startups. Cada fase do desenvolvimento – ideação, validação, tração e escala – exige práticas estruturadas para mitigar riscos e sustentar o crescimento. Empresas que incorporam estratégias sólidas desde os estágios iniciais apresentam maiores chances de superar desafios como o “Vale da Morte”, período crítico em que a empresa ainda não gera receita suficiente para se manter.
A governança nas startups é fundamental, imprescindível e decisiva em todas as fases de desenvolvimento, antes mesmo da fase de tração. – Teixeira Júnior
Uma sugestão importante parte da professora Eleonora Escalante , na qual ela reforça a importância de evitar dívidas pessoais nessa fase, pois comprometer recursos próprios pode agravar o risco financeiro do negócio. Em vez disso, empreendedores devem estruturar um modelo de negócios viável já na fase de ideação, testando hipóteses até encontrar um caminho para gerar fluxos de caixa positivos.
Metodologias como o Lean Governance Canvas têm se consolidado como um diferencial competitivo, oferecendo aos fundadores e equipes de startups um modelo estratégico estruturado, que integra governança eficaz, gestão de riscos e sustentabilidade financeira. Esse framework não apenas fortalece a tomada de decisão, mas também aumenta a atratividade para investidores, criando as bases para um crescimento sólido e escalável.
Em 2021, poucos empreendedores pensavam em governança, ainda mais na fase de ideação. O foco estava na captação de investimentos e no crescimento acelerado, sem tanta atenção à estruturação de processos internos. Hoje, o cenário mudou: investidores estão mais criteriosos, o capital está mais seletivo e a accountability deixou de ser um diferencial para se tornar a melhor aposta para startups que querem crescer de forma sustentável. Ter processos estruturados desde o início não engessa o negócio – pelo contrário, evita falhas, fortalece a tomada de decisão e constrói credibilidade.
Eric Ries, autor de “A Startup Enxuta”: visão otimista sobre a nova geração de empreendedores, mais focada em visão de longo prazo e na geração de um impacto positivo para o mundo (Bloomberg/Bloomberg)
Para scale-ups, a necessidade de processos claros com a visão de longo prazo é ainda maior. À medida que a empresa cresce, a complexidade operacional se intensifica, tornando auditorias recorrentes, relatórios financeiros confiáveis e compliance robusto elementos essenciais para manter a escalabilidade e reduzir riscos regulatórios.
Empreendedores que ignoram a importância da prestação de contas acabam comprometendo o presente e o futuro do negócio. Empresas que estruturam suas operações desde cedo conseguem navegar com mais segurança pelas adversidades do mercado e se tornam mais atrativas para fundos de investimento, parcerias estratégicas e futuras rodadas de captação.
Se há uma grande lição dos últimos anos, é que governança e crescimento sustentável andam juntos – e startups que negligenciam isso dificilmente sobreviverão ao longo prazo.
Checklist para Founders: Processos & Accountability
Estruture o processo de tomada de decisão e as alçadas de responsabilidade.
Implemente o processo de planejamento estratégico.
Mantenha as demonstrações financeiras em dia.
Estruture um conselho consultivo ou de administração, ainda que mínimo.
Estruture um modelo de planejamento e gestão orçamentários.
Conclusão
O inverno de investimentos está cada vez mais presentes para quem deseja evoluir de startup para scale-up e, quem sabe, tornar-se um unicórnio.
Neste texto, trouxe para vocês algumas nuances importantes e referências que considero relevantes, mas há muito mais a ser explorado e detalhado nos âmbito de cada projeto.
Se você é um empreendedor, conselheiro ou jornalista interessado no ecossistema de startups, espero que este conteúdo tenha fornecido insights valiosos e que você se sinta inspirado a aprofundar seus conhecimentos e práticas de governança nos ecossistemas de inovação, mesmo que uma Startup Early Stage.
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