Founders Além-Mar: Startups Brasil-Portugal

🌍 A Nova Rota da Inovação: Do Brasil ao Ecossistema Português

– Teixeira Júnior

Portugal tem se consolidado como um dos destinos mais estratégicos para startups brasileiras que almejam escala internacional. Entre 2022 e 2024, o número de startups ativas no país cresceu mais de 27%, passando de 3.713 para 4.719, conforme relatórios da Startup Portugal e da AICEP. Só em 2024, foram registradas 1.297 novas empresas inovadoras — reflexo direto de um ambiente favorável, com infraestrutura digital sólida e forte apoio institucional.

A nova Lei das Startups de Portugal (2023) introduziu ferramentas fundamentais como:

  • IFICI (Incentivo Fiscal à Investigação Científica e Inovação);
  • Regime fiscal de stock options com tributação reduzida (14%, somente na venda das ações);
  • Acesso a fundos como Portugal Ventures, Semente, e iniciativas como o Road2WebSummit;
  • Programas setoriais como Avançar e Mar2030, voltados para inovação azul, inteligência artificial e energias limpas.

Lisboa, eleita Capital Europeia da Inovação em 2023, sedia a Web Summit — que reuniu mais de 71 mil participantes de 150 países em 2024 — consolidando-se como referência para negócios globais de tecnologia.


💡 Casos de Sucesso: Startups Brasileiras em Portugal

Para ilustrar o potencial do ecossistema português, destacamos dois exemplos de startups brasileiras que prosperaram ao se estabelecerem em Portugal:

  • Zanoti (Fintech): Fundada em São Paulo, a Zanoti — plataforma de gestão financeira para PMEs — chegou ao mercado português em 2023 com apoio da Startup Lisboa. Captou €500 mil em rodada liderada pela Portugal Ventures, beneficiando-se do regime fiscal de stock options para atrair talentos locais.
  • HealthID (HealthTech): Com origem em Florianópolis, a HealthID, especializada em monitoramento remoto de pacientes, obteve o Startup Visa e integrou o programa Mar2030. Em 2024, firmou parcerias com hospitais portugueses e iniciou sua expansão por outros mercados europeus.

🇧🇷↔️🇵🇹 Fortalecendo Pontes Brasil–Portugal

– Teixeira Júnior

Fortaleza, no Ceará, emerge como um hub estratégico no Atlântico Sul. Com a presença de cabos submarinos intercontinentais e o suporte da Câmara Brasil–Portugal no Ceará, startups brasileiras encontram caminhos reais para sua inserção no mercado europeu. Além disso, o associativismo ativo das Câmaras Brasil–Portugal em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina fortalece a articulação nacional, democratizando o acesso à internacionalização.

As Câmaras de Comércio Brasil–Portugal podem proporcionar:

  • Softlanding com suporte jurídico e fiscal para operação em Portugal;
  • Conexões com fundos e aceleradoras, como a Startup Lisboa, Bright Pixel e Portugal Ventures;
  • Capacitação binacional por meio de programas como o Startups Connecting Links;
  • Mentorias jurídicas, workshops e eventos de matchmaking com stakeholders locais.

🧭 Startups com DNA Binacional: Onde Tudo Começa

– Teixeira Júnior

A internacionalização bem-sucedida começa muito antes do embarque — ela se consolida no acordo entre fundadores e na definição clara do propósito do negócio.

“Muitas startups fracassam não por falta de tecnologia, mas por não terem alinhado expectativas e governança desde o início.” — Teixeira Júnior

Teixeira Júnior (em pé) e Decio Simões (sentado).

Checklist para Startups na Fase de Ideação:

  • Alinhar expectativas de tempo, dedicação e retorno entre os sócios;
  • Criar missão e visão com vocação binacional;
  • Definir os aportes (capital, tecnologia, rede de contatos);
  • Formalizar um Founders Agreement com cláusulas de vesting, resolução de conflitos e definição de titularidade de propriedade intelectual.

⚖️ Blindagem Jurídica e Escalada Segura no Exterior

Patrícia Campos

“Internacionalizar é mais do que abrir empresa fora: é antecipar riscos legais, validar estruturas de governança e demonstrar maturidade aos olhos do investidor internacional.” — Patrícia Campos

A falta de preparação jurídica pode comprometer o crescimento. Acompanhei o caso de uma startup brasileira que perdeu uma rodada de €400 mil em Portugal por não apresentar documentação básica de vesting e propriedade intelectual — exigências frequentemente negligenciadas no Brasil.

🛡️A seguir alguns Redflags Jurídicos para Escalar com Segurança:

  • Founders Agreement Internacional
    Cláusulas de vesting, lock-up, mediação/arbitragem e titularidade clara de IP.
  • Registro Multinacional de Ativos
    Proteção de marcas, softwares e patentes no INPI e no EUIPO. Programas como o Vouchers for Startups auxiliam no custeio.
  • Conformidade com LGPD e GDPR
    Imprescindível para setores como EdTech, HealthTech e Mobilidade. A ausência de compliance já resultou na exclusão de startups em processos seletivos de aceleração.
  • Estrutura Jurídica em Portugal
    Avalie a criação de uma SPE (Sociedade de Propósito Específico) para captar investimentos com Portugal Ventures ou acessar recursos do PRR.
  • Preparação para Due Diligence
    Contratos padronizados, titularidade de ativos e estrutura societária sólida são requisitos essenciais para investidores europeus.

📊 Simulação de Custos: Planejamento como Diferencial para Investidores

Uma estrutura de custos bem definida transmite maturidade e capacidade de execução. Abaixo, a AIRACEMA Grupo Ltda fez uma simulação de custos para internacionalização em Portugal:

ItemCusto Estimado (2025)Notas
Abertura de SPE€2.000–€3.500Inclui taxas notariais e representante fiscal. Processo 100% online.
Registro de Marca (EUIPO)€850–€1.500Uma classe. Pode ser subsidiado via Vouchers for Startups.
Consultoria Inicial€1.500–€3.000Inclui Founders Agreement e contratos internacionais.
Conformidade LGPD/GDPR€2.000–€5.000Variável conforme o setor.
Taxa de Incubadora (opcional)€500–€1.000Para programas como Startup Lisboa ou Bright Pixel.

E como acessar esse tipo de financiamento?

  • Vouchers for Startups: Subsídios da UE para registro de IP
  • Portugal Ventures: Investimentos entre €100 mil e €1 milhão
  • Semente: Apoio a startups early-stage com até €50 mil

“Um plano de custos detalhado sinaliza que a startup conhece o mercado e está preparada para escalar. Já vi rodadas avançarem justamente por essa clareza.” — Patrícia Campos


📚 Recursos e Links Úteis

❓ FAQ por Patrícia Campos: Internacionalização na Prática

Posso abrir uma empresa em Portugal morando no Brasil?
Sim. O processo pode ser realizado 100% online, com o apoio de contadores e representantes fiscais locais.

É preciso registrar marca no exterior?
Não é obrigatório, mas é altamente recomendado. Investidores europeus exigem essa segurança jurídica.

Quando devo envolver um advogado internacional?
Antes de firmar o primeiro contrato com um parceiro europeu ou iniciar uma rodada de investimento.

Como funciona o Startup Visa?
É um visto específico para fundadores com plano de negócios aprovado por uma incubadora portuguesa certificada.

🚀 Conclusão: Atravessando o Atlântico com Estrutura e Visão

“O Atlântico é agora uma ponte. E essa ponte conecta pessoas, startups, conhecimento e oportunidades que vão muito além das fronteiras.” — Teixeira Júnior

A jornada da internacionalização é desafiadora, mas viável e estratégica. Com estrutura jurídica sólida, planejamento cuidadoso e o apoio de instituições como a Câmara Brasil–Portugal e a AICEP, fundadores estão cada vez mais preparados para liderar a próxima geração de inovação transatlântica.


O artigo foi escrito por Teixeira Júnior, CSO da AIRACEMA Grupo Ltda., Diretor Vogal do IBEF Ceará e Diretor de Inovação e Educação para Negócios da Câmara Brasil-Portugal no Ceará; e por Patrícia Campos, Diretora Jurídica da Câmara de Comércio Brasil-Portugal no Ceará.

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