No cenário atual, marcado por intensa competitividade e constante transformação, a embalagem transcendeu há muito tempo sua função de simples recipiente para produtos. Hoje, ela se consolida como um elemento estratégico indispensável, capaz de conectar de forma única a marca, o consumidor e o propósito. Sob uma perspectiva 360°, a embalagem exerce influência crucial em dimensões como produto, design, modelo de negócios e sustentabilidade, posicionando-se como um diferencial indispensável para empresas que almejam liderança e relevância no mercado.
Como engajar toda a empresa na compreensão e na adoção desse conceito estratégico de forma eficaz? Conhecimento e foco nas mudanças são as respostas. A capacidade de adaptar suas “máquinas”, processos e estratégias de produto com foco na embalagem para atender a necessidade do consumidor é a chave.
A embalagem é a primeira interação física e visual entre o consumidor e o produto, carregando a promessa da marca, comunicando valores e influenciando decisões de compra. O consumidor mudou, ele está se acostumando a comprar valor e, para ele, embalagens bem projetadas equivalem à qualidade superior do produto, o que evidencia seu papel como um dos pontos mais poderosos de diferenciação no mercado.
E veja bem, não estou falando de sofisticação, ou de uma estratégia para poucos, pelo contrário, é para todos! Do ponto de vista de projeto, a embalagem deve equilibrar funcionalidade e apelo emocional.
Um design bem-sucedido considera ergonomia, facilidade de abertura e fechamento, armazenamento e transporte. Além disso, precisa contar histórias, engajar consumidores e reforçar a identidade da marca. Aqui, a interdisciplinaridade é essencial: designers, engenheiros e profissionais de marketing devem colaborar para criar soluções que encantem visualmente e funcionem perfeitamente no uso cotidiano.
No contexto de negócios, a embalagem também é um ativo estratégico, as vezes moeda de troca. Ela pode otimizar custos logísticos, melhorar a eficiência de produção e até gerar novas fontes de receita. Um exemplo claro são as embalagens reutilizáveis ou retornáveis, que criam oportunidades de fidelização e engajamento com o cliente. O brasileiro aprendeu a jogar esse jogo.
Além disso, com a ascensão do e-commerce, as embalagens precisam ser projetadas para proteger produtos durante o transporte e, ao mesmo tempo, oferecer uma experiência memorável no unboxing. Esse equilíbrio impacta diretamente a percepção do cliente sobre a marca e pode gerar recomendações ou compartilhamentos nas redes sociais.
Há 20 anos, quando eu comecei a atuar com embalagens, lembro-me de reuniões em que, ao trazer o tema da sustentabilidade à mesa, havia sempre alguém que reconhecia sua importância, mas rapidamente descartava como prioridade, era um assunto para depois. O depois chegou!
É impossível falar sobre embalagens nos dias de hoje sem abordar a questão da sustentabilidade. Antes, a sustentabilidade estava atrelada a um material bem escolhido, hoje olhamos para o processo: da compra ao descarte.
Por isso toda embalagem precisa de um PROJETO para conseguir escalar ganhos e conduzir a empresa para resultados significativos em termos de sustentabilidade, além de atender à exigência crescente, tanto por parte dos consumidores quanto das regulamentações globais.
Além disso, práticas de economia circular, como programas de retorno e reaproveitamento de embalagens, não apenas contribuem para a redução do impacto ambiental, mas também fortalecem a conexão entre marcas e consumidores, criando relações mais engajadas e conscientes.
Para as empresas, adotar uma visão 360° da embalagem significa enxergá-la como um ponto de convergência entre produto, design, negócio e sustentabilidade. Isso exige uma abordagem estratégica e colaborativa, na qual cada etapa do ciclo de vida do produto é analisada e otimizada.
A embalagem não é apenas a “roupa” de um produto, mas um componente estratégico que pode transformar a maneira como a marca se posiciona, inova e cresce. Empresas que investem no desenvolvimento de embalagens inteligentes, sustentáveis e conectadas às demandas do consumidor não apenas atendem às expectativas do mercado, mas também pavimentam o caminho para um futuro mais responsável e inovador.
Por isso, ao planejar sua próxima embalagem, pergunte-se: ela é funcional? Atrativa? Sustentável? E, acima de tudo, está alinhada com a essência do seu negócio?
Vamos ampliar o debate? Como a sua empresa está encarando os desafios e oportunidades relacionados à embalagem?
Autora: Profª Mª Vania Bitencour Serrasqueiro – Coordenadora do curso de Pós-Graduação “Embalagem: Produto, Projeto e Negócio” da PUC-Campinas.
Fonte: LinkedIn PUC Campinas