Por: Ana Shirley França
Sabe-se que hoje a inclusão é um tema do momento na sociedade. Nas empresas, como parte do social, não é diferente. Cada vez mais as organizações recebem pessoas com deficiências de todo tipo, mas algumas, especificamente, interessam tratar: as que se relacionam à perda e à diminuição da visão, que não incluem apenas os cegos e pessoas de baixa visão, mas também pessoas idosas, os disléxicos ou com deficiência intelectual, que necessitem informações sonoras no ambiente de trabalho.
As Pessoas com baixa visão ou cegas precisam se sentir incluídas nas atividades educacionais e profissionais, e cabe a todos que ministram aulas, palestras ou qualquer tipo de reunião, se autodescrever e ao material utilizado, a fim de contextualizar a si mesmo e ao ambiente em que estão inseridos, para que todos possam concretizar a efetiva participação.
Nas organizações, quando se sabe que existem pessoas com essas deficiências, é importante realizar a autodescrição, dizendo como se é fisicamente, como se está vestido e o local em que se realiza a reunião. Realizar a inclusão e praticar a diversidade implicam em tomar atitudes que realmente respeitem o cidadão nas suas limitações.
Aprender e realizar a autodescrição são ações fundamentais que demonstram o respeito e o reconhecimento aos colegas que não possuem a visão plena como os demais, para que se dê acesso às informações necessárias da compreensão do ambiente e das pessoas que realizam suas falas no ambiente de trabalho.
Também deve ser realizada a audiodescrição das imagens escolhidas para ilustrar slides, tabelas, quadros e vídeos que são utilizados nas reuniões. Esta contextualização é importante não só para as pessoas com deficiências, mas também para ampliar a compreensão de várias pessoas que enxergam ou. por qualquer outro motivo, não conseguem compreender, levando a equívocos na interpretação de imagens e textos, de um modo geral.

A Autodescrição não é apenas descrever a si mesmo. É um termo de acessibilidade comunicacional que amplia o entendimento das pessoas com deficiências de diversos tipos, em reuniões, sejam em aulas, palestras, espetáculos, eventos e no próprio ambiente profissional.
Para a audiodescrição de pessoas, especialistas recomendam seguir esta ordem de elementos, para facilitar a compreensão e a organização das informações:
Gênero e faixa etária: homem, mulher, jovem, criança, garoto, garota, menino, menina, senhor, senhora, homem idoso, idosa/o.
Cor de pele/etnia: branco (de pele clara, de pele morena, de pele bronzeada) negro (de pele clara, de pele escura), oriental, indígena.
Estatura: alto, baixo, estatura mediana.
Corpo: corpulento, esquelético, magro, musculoso, gordo.
Olhos: cores (azuis, pretos, castanhos, verdes, cor de mel); formato (amendoados, grandes, puxados, pequenos).
Cabelos: cores (pretos, castanhos, louros, vermelhos, brancos, grisalhos); comprimento (longos, curtos, curtíssimos, na altura dos ombros) tipo/textura (encaracolados, lisos, anelados, ondulados, cacheados, espetados, armados, fartos, ralos).
Boca: lábios finos, lábios grossos.
Nariz: afilado, arrebitado, grande, largo.
Trajes: vestido, saia, calça, blazer, terno, bermuda, shorts, colete, camiseta, jeans, vestido longo, capa, casaco, sobretudo, camisa de manga longa, cueca, calção de banho. Atenção para os trajes de época.
Para ver mais detalhes, é possível acessar a tabela publicada como Normas da ABNT sobre audiodescrição. O Ministério do Trabalho, a partir da destas Normas, produziu um manual didático para a autodescrição, a fim de orientar pessoas no ambiente laboral.
Por fim, é importante destacar que as características físicas da pessoa devem ser descritas como se fossem de uma caricatura, com informações mais típicas. A atitude de Autodescrição faz parte da postura cidadã, responsável e inclusiva que deve ser adotada pelas pessoas no ambiente de trabalho e na sociedade.
*Conselheira Titular CRA-RJ. Coord. da Comissão do Trabalho e Empregabilidade CRA-RJ. Top Voice. Coordenadora do Curso de Administração Unyleya. Empreteca. Proprietária do Brechopin – Reuso e da Verde Belo. Avaliadora MEC/INEP. Autora. Conselheira PUC angels.