Por: Teixeira Junior
A Inteligência Artificial (IA) já está redefinindo a maneira como trabalhamos e fazemos negócios. O relatório Future of Jobs Report 2025, do Fórum Econômico Mundial, prevê que 44% das habilidades profissionais serão impactadas até 2027. No entanto, o verdadeiro desafio não é a substituição de empregos, mas a transformação das habilidades necessárias para prosperar na era digital.
Desde os primeiros confrontos entre humanos e máquinas, como Kasparov vs. Deep Blue e a supremacia da IA no AlphaGo, chegamos a um cenário onde algoritmos já atingem notas máximas até no vestibular do ITA. Mas, diante dessa revolução, a grande questão é: a IA será nossa aliada estratégica ou uma ameaça real ao trabalho humano?
Até 2030, as habilidades com maior crescimento serão pensamento crítico, criatividade e colaboração. A verdadeira vantagem competitiva nos Negócios será proporcionada pela a sinergia entre as inteligências artificial e humana. – Teixeira Júnior
IA e a Desigualdade Digital
A IA tem o potencial de impulsionar a produtividade e transformar mercados, mas também pode aprofundar desigualdades. Profissionais e empresas que não investem na requalificação digital correm o risco de obsolescência acelerada, enquanto aqueles que dominam a tecnologia ampliam suas oportunidades.
Outro relatório, agora da Asian Development Bank (ADB) estima que a digitalização pode gerar 65 milhões de novos empregos por ano até 2025, especialmente nos setores de saúde, educação e engenharia. Países como Coreia do Sul e Singapura já compreenderam essa realidade, investindo bilhões na integração da IA no ensino e na formação profissional.
O relatório do Asian Developmente Bank (ADB), em corte, converge com o estudo do Fórum Econômico Mundial no que se refere ao surgimento de novas oportunidades, onde:
- 170 milhões de novos empregos serão criados até 2030.
- 92 milhões de funções atuais serão substituídas.
- 44% dos trabalhadores precisarão de requalificação nos próximos 5 anos.
E o Brasil? Bem, ainda não respondeu de forma estruturada a esse desafio e a outros como a melhoria da educação básica. Enquanto países asiáticos reformulam currículos para incluir ciência de dados, pensamento computacional e IA, a educação brasileira permanece engessada, o que já reflete em nossa competitividade no cenário global.
Os resultados mais recentes do PISA em matemática e leitura ilustram uma realidade urgente: nossas habilidades fundamentais (foundational skills) precisam de um grande salto. Em um mundo cada vez mais digital, essas competências são essenciais para a economia do futuro — e, no entanto, continuamos entre os últimos colocados.
Isso nos mostra que não basta tecnologia, equipamentos ou gadgets. Inteligência Artificial e outras inovações só fazem sentido quando ancoradas em uma base sólida de conhecimento e pensamento crítico. Estamos atrás, e o verdadeiro avanço depende de investir no que realmente importa: o desenvolvimento humano.
Essa lacuna educacional que vem se arrastando impacta trabalhadores individuais, empresas e seus líderes nas tomadas de decisão que, muitas vezes, não conseguem aproveitar o potencial da IA para transformar seus negócios.

- (Veja sobre o resultado do Brasil no PISA na reportagem da BBC News Brasil)
- (Veja, também, Adoção do Ensino de [IA] no Currículo Básico)
O Futuro do Trabalho na Era da IA
A IA não é uma ameaça inevitável ao modelo de trabalho humano, mas seu impacto dependerá da capacidade de adaptação de empresas e profissionais.
Países e organizações que investem em capacitação digital e requalificação estarão à frente na corrida tecnológica. Já aqueles que negligenciarem essa realidade enfrentarão desemprego estrutural e perda de competitividade global.

A IA no Setor Financeiro
A falta de formação adequada não apenas retarda a adoção da IA nas empresas, mas também prejudica o retorno sobre investimento (ROI). Dados do setor financeiro indicam que 39% das empresas enfrentam dificuldades para integrar IA aos seus sistemas existentes, enquanto 34% esbarram em custos proibitivos.
Ainda assim o setor financeiro está na vanguarda de potencial implementação e oportunidades de IA em suas operações, e algumas das maiores instituições do mundo já estão colhendo os benefícios:
- UBS: implantou um Copilot para 50.000 funcionários, permitindo que analistas reduzam tempo em tarefas burocráticas e foquem em atividades estratégicas.
- BlackRock: lançou o Copilot da Microsoft para seus 24.000 funcionários, aprimorando análises financeiras e automação de relatórios.
- Morgan Stanley: desenvolveu o AI @ Morgan Stanley Assistant, economizando horas de pesquisa documental para consultores financeiros e oferecendo insights personalizados aos clientes.
- JP Morgan: criou o IndexGPT um assistente que identifica tendências emergentes para ampliar o portfólio de investimentos.
- Klarna: implantou um assistente de IA que substitui o trabalho de 700 agentes de atendimento, economizando US$ 40 milhões anualmente.
Esses exemplos acima mostram que a IA não elimina o trabalho humano, mas amplifica a capacidade analítica, reduz custos e melhora a tomada de decisões em um modelo de substituição e adequação.
Vejamos “Como a IA vai Impactar o seu Trabalho” pelos infográficos abaixo:


Investimentos
- 92% das empresas da Fortune 500 já utilizam IA e investem, em média, US$ 18 milhões por ano na tecnologia.
- 60% dos trabalhadores precisarão de requalificação até 2027 para se manterem competitivos.
- Empresas que adotam IA corretamente reportam redução de custos operacionais (82%) e aumento na retenção de clientes (82%).
Visão de Sam Altman, OpenAI

Sam Altman, CEO da OpenAI, acredita que a inteligência artificial (IA) transformará o mercado de trabalho de forma profunda, mas não tão rapidamente ou de maneira tão drástica quanto alguns preveem. Em um recente artigo, ele compartilhou sua visão sobre o impacto da IA na economia e na força de trabalho, destacando que:
- Transformação gradual dos empregos: embora a IA vá impactar muitas profissões, as mudanças ocorrerão de maneira mais lenta do que se imagina.
- Evolução das funções humanas: muitas tarefas serão automatizadas, exigindo que os profissionais se concentrem em atividades mais criativas, estratégicas e significativas.
- IA como ferramenta de ampliação de habilidades: em vez de simplesmente substituir trabalhadores, a IA será um catalisador para expandir as capacidades humanas e aumentar a produtividade.
O impacto da IA vai além do mercado de trabalho. Altman traça um panorama mais amplo sobre como a tecnologia transformará a sociedade. Ele é otimista quanto ao potencial da IA para viabilizar conquistas que antes pareciam impossíveis.
A sua visão de futuro inclui a IA auxiliando em diversas áreas, como saúde e educação, possibilitando “tutores virtuais capazes de fornecer instrução personalizada em qualquer disciplina, em qualquer idioma e no ritmo adequado para cada indivíduo”. Ele também prevê que a IA ajudará a enfrentar desafios globais, como mudanças climáticas e avanços científicos.
E na mesma linha de como devemos direcionar os nossos esforços, ele confirma que um dos desafios centrais é garantir que a IA e o poder computacional necessário para operá-la sejam acessíveis a todos e com aplicabilidade, e não apenas a uma elite.
“Se não construirmos infraestrutura suficiente, a IA se tornará um recurso escasso pelo qual as guerras serão travadas”. Sam Altman.
Confira a entrevista “People Will Lose Jobs“, onde Sam Altman discute o impacto da IA no futuro do trabalho.
Conclusão
O futuro do trabalho não será determinado pela ameaça da IA, mas pela maneira como escolhemos integrá-la e preparar nossa força de trabalho.
Isso inclui capacitar a geração atual por meio de uma educação alinhada às novas exigências do mercado e apoiar empresas na adaptação de seus modelos de negócio para uma nova era.
- Teixeira Junior: LinkedIn
- Chief Strategy Officer – AIRACEMA Grupo (www.airacema.com)