
Ao longo da minha trajetória atuando com educação financeira dentro das empresas, uma coisa ficou muito clara pra mim: não dá mais pra separar os problemas financeiros pessoais dos desafios que as empresas enfrentam no dia a dia.
O Brasil convive hoje com dados alarmantes. Mais de 76% das famílias estão endividadas. Isso não fica do lado de fora da empresa. Pelo contrário, entra todos os dias, junto com seus funcionários.
Hoje, 7 em cada 10 brasileiros têm dificuldade para fechar o mês. Isso não fica fora do ambiente de trabalho. Pelo contrário, chega junto com cada colaborador e interfere na produtividade, no foco e até no clima organizacional.
Sabe aquele colaborador que chega cabisbaixo, disperso, sem ânimo, com dificuldades de concentração ou até com conflitos no ambiente de trabalho? Na maioria das vezes, isso tem uma origem que pouca gente percebe: a vida financeira desorganizada.
E não sou eu que estou dizendo isso só pela minha percepção prática. Os dados comprovam. Estudos mostram que 43% dos colaboradores relatam perder mais de 3 horas por dia no trabalho preocupados com problemas financeiros. Sim, três horas, todos os dias. É como se, a cada dois dias, um turno inteiro de trabalho fosse desperdiçado só com preocupações que nada têm a ver diretamente com as atividades da empresa, mas que impactam totalmente o desempenho.
Além disso, tem um dado que me chama muito a atenção, e que eu faço questão de sempre compartilhar nas palestras e mentorias: 25% dos funcionários cogitam pedir demissão apenas para acessar o acerto trabalhista e tentar resolver dívidas ou começar algum tipo de negócio. Isso não é uma questão de desejo de mudar de carreira. É, muitas vezes, desespero financeiro.
O problema é muito maior do que parece
Você já deve ter percebido que não é raro encontrar colaboradores exaustos, desmotivados e que, fora do expediente, estão buscando renda extra. Seja como motoristas de aplicativo, entregadores, freelancers… Isso parece uma boa solução no curto prazo, mas, na prática, gera mais desgaste, cansaço, menos energia e queda no desempenho dentro da própria empresa.
Pra piorar, muitos ainda acabam recorrendo a alternativas arriscadas, como apostas online. Só pra você ter uma ideia, entre janeiro e março de 2025, os brasileiros destinaram cerca de R$ 30 bilhões para apostas, segundo o Banco Central. É dinheiro que sai do bolso de quem já está com dificuldades. Isso acende um alerta gigantesco sobre como a falta de educação financeira pode levar as pessoas a tomarem decisões perigosas, que só aprofundam o problema.
Agora, eu te pergunto: qual é o custo disso para a sua empresa?
Não estamos falando só de queda na produtividade, mas também de um custo financeiro real, mensurável e pesado. Toda vez que um colaborador pede demissão, a empresa gasta entre 50% a 200% do salário anual desse profissional com processos de desligamento, recrutamento, seleção, treinamento e adaptação de um novo funcionário. E tem mais: perde conhecimento, perde entrega, perde ritmo.
E a solução? Ela existe, e funciona.
Se eu pudesse resumir, diria que o que muda esse cenário é a educação financeira.
Não estamos falando aqui de uma palestra isolada ou de uma planilha que alguém entrega para o colaborador preencher. Não. Estamos falando de um programa estruturado, contínuo, que trabalha comportamento financeiro, que gera autoconhecimento, que acompanha a evolução e que mostra, na prática, como sair do descontrole e construir uma vida financeira saudável.
E isso não é teoria. Eu acompanho os resultados de perto e eles são muito claros:
- O número de colaboradores que passaram a ter um orçamento mensal estruturado saltou de 22% para 81%.
- O uso de ferramentas de controle, como planilhas e aplicativos, subiu de 18% para 70%.
- Quem tinha uma reserva de emergência subiu de 12% para 48%.
- E o dado que mais me emociona: o estresse financeiro, que afetava 64% dos colaboradores, caiu para 23%. Isso não é só um número. Isso significa pessoas dormindo melhor, vivendo melhor e trabalhando melhor.
E quando o colaborador melhora, a empresa sente imediatamente:
- 9% de aumento na produtividade.
- 37% de crescimento nas vendas.
- 18% de aumento na retenção de talentos.
- 25% de redução na rotatividade.
Cuidar das pessoas é, sem dúvida, cuidar do negócio.
Eu costumo dizer que a educação financeira não é mais um benefício extra, daqueles que a empresa oferece como mimo para os colaboradores. Ela virou uma estratégia de negócio. Uma empresa que quer crescer, que quer ter uma equipe engajada, produtiva e satisfeita, precisa olhar para isso com muita seriedade.
Quando o colaborador aprende a cuidar do próprio dinheiro, ele entende que a renda que ele tem pode, sim, ser suficiente — desde que bem administrada. Ele para de correr atrás de soluções milagrosas, de bicos exaustivos, de empréstimos atrás de empréstimos. E, com isso, sobra mais energia, mais foco, mais disposição para se dedicar ao trabalho.
O reflexo? Um ambiente mais leve, mais produtivo, menos absenteísmo, menos conflitos e uma empresa que cresce junto com quem faz ela acontecer todos os dias.
Se eu pudesse te deixar uma reflexão, seria essa:
A empresa que não cuida da saúde financeira dos colaboradores, no fim das contas, paga a conta da desinformação. Seja em queda de produtividade, seja em rotatividade, seja em resultados abaixo do que poderiam ser.
Por outro lado, quem entende isso e age, sai na frente. Cria um ambiente saudável, sustentável e preparado para crescer, mesmo nos cenários mais desafiadores.
Se quiser saber como fazer isso na prática, eu fico à disposição pra te ajudar.