Por: Soraya Lopes
Em 2024, o governo brasileiro apoiou cerca de 2 mil negócios de impacto, com mais de R$ 250 milhões em investimentos públicos. Ao mesmo tempo, a juventude brasileira vem demonstrando uma clara preferência por trabalhos com propósito: 87% da Geração Z global afirma que valores e impacto positivo são tão importantes quanto o salário. O Brasil está diante de uma janela única — e histórica — para alavancar sua economia com inovação social.
O que são negócios de impacto?
Negócios de impacto são empreendimentos que equilibram retorno financeiro com transformação social ou ambiental. Eles nascem para resolver problemas reais — como acesso à educação, saúde, mobilidade, ou inclusão produtiva — e, ao contrário da filantropia tradicional, buscam modelos sustentáveis de receita. Ou seja, causam impacto e faturam.
No Brasil, já são mais de 1.200 iniciativas mapeadas, com crescimento acelerado ano a ano. E a grande virada começou quando entraram em cena políticas públicas dedicadas ao tema.
Políticas públicas e programas que estão abrindo caminho
Desde 2023, o governo federal relançou a ENIMPACTO (Estratégia Nacional de Economia de Impacto) com metas ambiciosas: identificar 7.800 negócios até 2032 e mobilizar um ecossistema de apoio em todo o país. Além disso, o Sistema Nacional de Economia de Impacto (Simpacto) busca articular estados e municípios na criação de ambientes favoráveis para quem empreende com propósito.
Entre os programas mais promissores:
- TD Impacta: iniciativa do Tesouro Direto e B3 que prevê até R$ 5,2 milhões em grants para negócios de impacto.
- Eco Invest Brasil: leilão de créditos verdes que alavancou R$ 6,8 bilhões em aportes para projetos sustentáveis.
- Editais locais e estaduais: como os do BNDES, FINEP e SEBRAE, que vêm incorporando critérios de impacto social em suas linhas de fomento.
Vantagens de criar uma startup de impacto
Além de acessar programas de financiamento público e privado, as startups de impacto têm vantagens competitivas poderosas:
- Atração de talentos jovens: os dados não mentem — 50% dos jovens deixariam um emprego se os valores da empresa não estivessem alinhados aos seus. Ter propósito virou um diferencial de retenção e cultura.
- Maior resiliência: negócios de impacto tendem a sobreviver mais no médio prazo por estarem conectados a necessidades reais da população.
- Acesso a capital alternativo: fundos de investimento de impacto social, como Vox Capital, Positive Ventures e parceiros internacionais como BID Lab, estão cada vez mais ativos no país.
- Reconhecimento social: atuar em causas como clima, educação ou combate à desigualdade dá visibilidade positiva — inclusive na mídia e em prêmios nacionais.
Estamos prontos para essa virada?
O Brasil já tem juventude com fome de propósito, políticas públicas avançadas e uma rede de apoio em construção. Mas falta algo essencial: mais gente empreendendo com coragem e visão de futuro.
Se você já pensou em abrir um negócio com propósito ou redirecionar sua startup para resolver problemas reais, este é o momento. A nova economia não será apenas digital — ela será regenerativa, diversa e com impacto.
🧾 Fontes
- Governo Federal – Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC)
Estratégia Nacional de Economia de Impacto – Enimpacto
https://www.gov.br/mdic/pt-br/assuntos/enimpacto - Governo Federal – Sistema Nacional de Economia de Impacto (Simpacto)
https://www.gov.br/mdic/pt-br/assuntos/noticias/2024/junho/mdic-cria-o-sistema-nacional-de-economia-de-impacto - Tesouro Nacional e B3 – Programa TD Impacta
https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/noticias/tesouro-direto-cria-plataforma-de-apoio-e-investimento-para-negocios-de-impacto - Governo Federal – Leilão Eco Invest Brasil 2024
https://www.gov.br/mdic/pt-br/assuntos/enimpacto/noticias/investimentos-e-negocios-de-impacto-na-midia/2025/30-04-2025-o-novo-cadastro-que-pode-transformar-a-economia-de-impacto
